Do Valor Econômico
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil/Ilustração/Fotos Públicas
2021 deve ser um ano de recuperação para o setor automotivo. Para o presidente da Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave), Alarico Assumpção Júnior, as vendas de automóveis e comerciais leves devem crescer 15,8% neste ano, voltando à casa de 2 milhões de carros emplacados.
“No mercado total, com vendas de motos, implementos rodoviários, a perspectiva de alta é de 16,6%. Nossa estimativa só não é maior em função da nova alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em São Paulo para venda de usados. Isso vai afetar a comercialização de novos, pois, muitos negócios acontecem na base da troca”, disse o dirigente.
Segundo ele, a alíquota de ICMS em São Paulo passará de 12% para 14,5% a partir de primeiro de abril. Assumpção ressaltou que o Estado de São Paulo é o maior mercado e representa mais de 30% das vendas de carros no país. “Mesmo que outro Estado absorva parte dos negócios, essa alta vai afetar bastante os emplacamentos”, ressaltou Assumpção, acrescentando que a expectativa para os licenciamentos de caminhões é de aumento de 21,7% neste ano.
De acordo com dados da Fenabrave, os licenciamentos de veículos no ano passado chegaram a 2,05 milhões de unidades, o que representou queda de 26,16% no comparativo com 2019. Já os emplacamentos de automóveis e comerciais leves somaram 1,95 milhão de carros, o que representou queda de 26,62% ante o registrado em 2019. “Os volumes de 2020 são semelhantes aos de 2008 a 2009. As vendas caíram quase 30%, mas o ritmo está menor que a estimativa inicial de recuo de 39% no começo da pandemia”, disse.
Segundo ele, a partir do segundo semestre, as medidas de estímulo da economia, como auxílio emergencial, fizeram com que os clientes voltassem às concessionárias. “Apesar de o último trimestre ter sido positivo e ter demonstrado uma forte reação dos segmentos, essa recuperação não foi suficiente para superar os resultados do último trimestre de 2019”, ressaltou Assumpção.
Segundo ele, isso ocorreu em função dos problemas com fornecimento de autopeças na indústria, que afetou a produção de veículos. “Quando a demanda voltou no mundo, as empresas deram preferência para atender montadoras de mercados mais maduros, como os Estados Unidos e Europa. O Brasil ficou para segundo plano. Isso causou desabastecimento de peças e consequentemente de veículos.”
De acordo com os dados, os licenciamentos em dezembro alcançaram 244 mil unidades, o que representou queda de 7,06% no comparativo com o mesmo período de 2019. “Vale ressaltar que essa recuperação deverá permanecer neste ano, essa é a expectativa do setor”, disse.
Já em dezembro de 2020, as vendas de automóveis e comerciais leves caíram 7,53%, para 232,81 mil unidades ante igual período do ano anterior.
Os emplacamentos de caminhões apresentaram um ritmo de queda menor que os outros segmentos. Em 2020 foram vendidas 89,2 mil unidades ante 101, 73 mil caminhões em 2019, queda de 12,31%.
Já em dezembro do ano passado no comparativo com 2019, os licenciamentos de caminhões subiram 15,74%, atingindo 9,63 mil unidades ante 8,32 mil veículos. “O que puxou a venda de caminhões no ano passado foi o agronegócio, que continua forte, e o movimento de renovação de frota nas transportadoras. Vale ressaltar que a oferta de crédito continua abundante e a demanda permanece aquecida.”