Viagem de ônibus na pandemia: veículos ganham cara nova e reforçam higiene

Do O Globo
Foto: Gelson Mello da Costa/Ilustração

A pandemia do novo coronavírus não está provocando mudanças visíveis apenas em aviões e hotéis. Os ônibus também vêm passando por adaptações para garantir mais segurança a bordo nas viagens. Novos materiais, novos processos de limpeza e até mesmo novas configurações de poltronas podem ser vistos por quem embarca em alguns veículos, responsáveis por conectar desde as maiores metrópoles aos vilarejos mais escondidos.

Um dos exemplos mais visíveis desta nova fase é o projeto BioSafe, desenvolvido pela montadora Marcopolo, que inclui adaptações físicas em veículos e espaços de convivência e outros procedimentos de sanitização. Atualmente, existem apenas dois ônibus equipados com o pacote completo, ambos operados pela Viação Ouro e Prata, na rota Porto Alegre-Pelotas, no Rio Grande do Sul.

De fora, os veículos não diferem muito de outros modelos modernos. A grande mudança está no interior, com a configuração de dois corredores e três fileiras de 11 poltronas individuais, isoladas por cortinas de tecido antimicrobiano, como as usadas em hospitais.

Outro implemento é o uso da luz UVC para eliminação de microrganismos nos banheiros e nas saídas do ar-condicionado. O pacote inclui ainda dispensers de álcool gel e a tecnologia de sanitização Fog in Place, uma máquina que dispersa no ambiente uma nuvem de partículas que elimina bactérias e vírus do ambiente após dez minutos de uso.

— Temos mais dez veículos em negociação com duas empresas do Centro-Oeste. Acredito que, à medida que as viagens sejam retomadas e as empresas solucionem seus problemas de caixa, outros grupos vão aderir a esse modelo — diz o gerente Leandro Sodré.

Para ele, a preocupação com a higiene a bordo vai continuar mesmo após a criação de uma vacina:

— O passageiro agora está mais preocupado com sua saúde, e isso não vai mudar.

Algumas dessas soluções estão sendo implementadas, de maneira isolada, em gigantes do setor. O Grupo JCA, que abrange grandes empresas como 1001, Cometa, Catarinense e Expresso do Sul, tem apostado, por exemplo, no uso de vaporizadores para sanitizar o interior de sua frota, além de manter a obrigatoriedade do uso de máscaras a bordo e o bloqueios de assentos para garantir maior distanciamento interno.

A Viação Garcia, com forte operação na Região Sul, adotou a cortina entre todas as suas poltronas, mas os ônibus continuam com a configuração tradicional, de 44 assentos e um corredor central.

As práticas (boas ou ruins) das empresas podem ser avaliadas pelos próprios passageiros no portal Click Bus, de venda de bilhetes rodoviários. A plataforma lançou em agosto o Selo de Segurança Reforçada, adotado por mais de cem empresas que se comprometeram a seguir as regras de biossegurança determinadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e pelo Ministério do Turismo. Ao final de cada viagem, quem comprou a passagem através da plataforma pode dar notas à viação relativas ao cumprimento ou não desses protocolos.

Mudanças também nas rodoviárias

Novas medidas também precisaram ser tomadas nos terminais de passageiros. Na Rodoviária do Rio, onde o uso de máscaras é obrigatório, um protocolo de higiene especial contra a Covid-19 foi implementado ainda em março, com desinfecções diárias nas instalações e em pontos de contato como assentos, elevadores, escadas rolantes e plataformas de embarque, quatro vezes ao dia.

Há também medição da temperatura corporal de todos que entram na rodoviária, ,nova sinalização sobre o distanciamento mínimo permitido nas áreas comuns e mais de 50 pontos de distribuição de álcool em gel. O cumprimento das medidas de segurança sanitária foi reconhecido até pelo World Travel and Tourism Council (WTTC), que concedeu ao terminal o selo “Safe Travels”.

Em Belo Horizonte, a administração do terminal rodoviário da cidade instalou dispensers de álcool em gel, bloqueou alguns assentos nas áreas de espera para evitar que pessoas se sentassem muito perto umas das outras, e também passou a exigir o uso da máscara por todos. Já a Socicam, que administra os terminais rodoviários Tietê, Jabaquara e Barra Funda, na cidade de São Paulo, instalou lixeiras próprias para o descarte de máscaras e reforçou a limpeza profunda das áreas mais movimentadas, que agora acontece pelo menos duas vezes ao dia.

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