Sistemas metroferroviários têm prejuízo de R$ 933 milhões por covid-19

Por Agência Brasil
Foto: Tomaz Silva (Agência Brasil)

A redução de passageiros no sistema metroferroviário do país, por causa da pandemia de coronavírus, provocou um déficit de R$ 933 milhões na receita tarifária de metrôs, trens urbanos e Veículo Leve sobre Trilhos. A conclusão é de estudo feito pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), que analisou o período a partir de 16 de março e o mesmo período de 2019.

Em março do ano passado, os sistemas metroviários transportaram 250 milhões de passageiros. Em março deste ano, o número caiu para 98 milhões, informou o presidente do Conselho da ANPTrilhos, Joubert Flores, à Agência Brasil.

Para abril, a projeção é que sejam transportadas apenas 50 milhões de pessoas. “Quer dizer, 79% a 80% a menos do que normalmente transportamos. O impacto é direto na receita”. O cenário deverá se repetir no mês de maio.

Segundo Flores, as operadoras têm características diferentes. “Algumas são estatais e dependem de subsídio do próprio Estado, o que vai necessitar de um incremento grande de recursos, em uma hora difícil. Outras são privadas, desoneraram bastante o Estado, mas vão precisar de capital de giro. Essa é a maior preocupação neste momento”, disse.

Negociações: A ANPTrilhos está em articulação com diversos órgãos do governo para ver se consegue reduzir a perda. De acordo com Flores, isso gera um desequilíbrio no contrato para as operadoras privadas, que terá de ser tratado no futuro. Agora, o que importa é manter a operação e o atendimento à população, afirmou.

“Até porque é um serviço essencial e hoje ele é mais importante por transportar pessoas de outros serviços essenciais: segurança, saúde, quem trabalha com alimentação e mercado.”

Já foram feitas reuniões com os ministérios da Economia e do Desenvolvimento Regional e com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal, que serão os possíveis financiadores.

A ideia é buscar um mecanismo de financiar capital de giro nos meses de crise, para que a situação possa ser retomada depois.

Flores disse ter encontrado receptividade dos ministérios, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa Econômica Federal. “Eles entenderam que é um serviço essencial e que não pode correr risco de paralisação.”

Os bancos, segundo ele, estão dispostos a ajudar na compensação do desequilíbrio causado pela pandemia.

Com o BNDES, em particular, Flores disse que já foram realizadas duas reuniões e que algumas operadoras já estão negociando diretamente com o banco desde a última segunda-feira (13).

Custo: De acordo com a associação, as empresas e seus empregados têm feito um esforço muito grande para permitir que as pessoas fiquem em casa.

No caso específico da operação metroferroviária, a dificuldade é o custo feito para operar um trem, resultante da soma de mão de obra, energia e manutenção. “Você não consegue fugir desse tripé e, mesmo oferecendo uma grade reduzida, o seu custo fixo é alto e, sem a receita, fica mais difícil manter”.

Como se trata de um serviço público essencial, a preocupação é que ele seja mantido e consiga suporte financeiro para se manter no período de pandemia e não ter prejuízo, além de manter a qualidade e a segurança do serviço.

Para o presidente da associação, é muito difícil prever quando o transporte regular será retomado. “As pessoas não vão voltar no dia seguinte, nem terão o mesmo comportamento de antes, até porque, é muito provável que a economia não volte a funcionar 100%.”

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Economia esclareceu, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comenta medidas em análise ou que ainda não são públicas.

“O grupo de monitoramento da crise econômica relacionada à covid-19 está analisando diversas alternativas para reduzir os impactos da pandemia para o setor produtivo e para o setor público, com o objetivo de preservar especialmente a população mais vulnerável. As novas decisões serão informadas no momento em que forem devidamente finalizadas e tornadas públicas”.

O BNDES informou que não comenta linhas e medidas emergenciais que não tenham sido anunciadas e a Caixa não respondeu a um e-mail da Agência Brasil até o fechamento da matéria.

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