SC: Sem data para voltar, transporte coletivo de Florianópolis contabiliza prejuízo milionário

Do Portal ND Mais (SC)
Foto: Eduardo Cristofoli (RICTV / ND Mais)

O secretário municipal de Transportes e Mobilidade de Florianópolis, Michel Mittmann, reconhece que o setor do transporte coletivo é um dos mais afetados da esfera pública, pois há toda uma estrutura que precisa ser gerida, a partir de uma concessão, que faz investimentos, e está com mão de obra parada. Por outro lado existe a questão sanitária e de saúde pública. “Por isso estamos planejando esse retorno com muito critério para que seja um instrumento de controle e não de contaminação”, reforça Mittmann.

Nesse sentido, a Prefeitura de Florianópolis trabalha com dois eixos: um de controle sanitário e higienização e outro econômico e de planejamento. Segundo Mittmann, no primeiro eixo, o objetivo é criar protocolos sanitários de controle, analisar outros casos mundiais e avaliar a situação junto ao governo do Estado e autoridade da Saúde. Algumas diretrizes e recomendações serão determinadas. “A obrigação do uso de máscaras é uma tendência forte. Outra preocupação são os horários de pico. Alternativas estão sendo sugeridas, com um processo gradual de horários, para diminuir o número de pessoas em determinados horários e reduzir a pressão sobre os terminais”, explica Mittmann.

Outra preocupação é garantir uma imagem de segurança para o transporte coletivo municipal, que já vinha se modernizando com ações como o aplicativo Floripa no Ponto e a instalação de câmeras para evitar furtos e vandalismo, e tinha ganho um novo fôlego com medidas que incentivavam o uso do modal, como a manutenção da tarifa. “Estávamos caminhando para o melhor ano do transporte coletivo, com um crescimento de 7% até o início da pandemia em março, em relação ao ano passado”, lamenta Mittmann.

No eixo econômico e de planejamento, a preocupação com o baixo movimento dos primeiros dias de retomada, que eventualmente poderá impactar na tarifa. Mas o secretário garante a busca por ações de desoneração a médio prazo para que esse custo não seja repassado para a tarifa. “A cada 15 dias parado representa um prejuízo global do sistema de R$ 7,7 milhões, o que já representa um custo de 0,01 centavo na tarifa. O usuário vai ter que entender que teremos que fazer a recomposição para manter o equilíbrio (financeiro da concessão)”, explica.

Funcionários em férias coletivas: Os mais de dois mil funcionários do sistema de transporte coletivo municipal estão em férias coletivas que devem durar até 18 de abril. O Sintraturb (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano), que representa a categoria, se pronunciou sobre as últimas decisões do governo, que estendem a paralisação do transporte coletivo pelo menos até o dia 31 de abril, e definiu a situação como “extrema e delicada”.

Ao lado de Shoppings, academias e escolas, o transporte coletivo é um dos últimos itens da lista de flexibilização discutida por um grupo multi setorial formado pelo governo do Estado. Não coincidentemente, comércio e escolas respondem pela maioria das viagens do transporte coletivo municipal. O Sintraturb negociou com a prefeitura de Florianópolis e o Consórcio Fênix para evitar demissões.

O plano de saúde foi mantido, o vale alimentação foi pago e os salários parcelados. A entidade pretendia promover a festa do trabalhador no próximo dia 1º de maio, mas já decidiu reverter o custo do evento (R$ 100 mil) para compra de cestas básicas que serão repassadas aos trabalhadores mais necessitados. As inscrições para recebimento das cestas básicas começam a ser feitas nesta segunda-feira (13).

Um ônibus também está estacionado no posto da PMRv (Polícia Militar Rodoviária Estadual) na SC-401 para recolher alimentos que serão repassados para funcionários das empresas. No acordo feito com o Sintraturb, a Prefeitura de Florianópolis tenta honrar os subsídios e efetuou o repasse no início do mês para manter o sistema.

O Consórcio Fênix foi procurado através da assessoria de imprensa mas não se manifestou sobre a situação do transporte público coletivo da Capital. A concessionária se limitou a afirmar que os todos os empregos foram mantidos e foi realizado o parcelamento de parte dos salários dos trabalhadores. Mediante acordo com o Sintraturb, as empresas estão cumprindo o acordado, restando saldo dos salários ainda a ser pagos.

O Consórcio Fênix conta com aproximadamente 2.750 colaboradores diretos e indiretos, 8.900 partidas diárias e 5,5 milhões de passageiros transportados por mês. A frota possui 458 ônibus convencionais, 82 veículos executivos e 184 linhas, somando em média três milhões de quilômetros rodados a cada 30 dias.

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