Do PORTAL UNIBUS
Foto: Andreivny Ferreira (PORTAL UNIBUS)
A Região Metropolitana de Natal foi incluída no Estudo Nacional de Mobilidade Urbana (ENMU), que analisou o potencial de expansão do transporte coletivo em 21 regiões metropolitanas do Brasil. De acordo com o levantamento, Natal tem potencial para ganhar até 73 quilômetros de novas linhas de Transporte Público Coletivo de Média e Alta Capacidade (TPC-MAC) até o ano de 2054. O estudo foi realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em parceria com o Ministério das Cidades.
As linhas de Transporte Público Coletivo de Média e Alta Capacidade (TPC-MAC) são aquelas projetadas para atender um grande número de passageiros com mais eficiência e rapidez do que as linhas convencionais. Elas utilizam veículos maiores, como ônibus articulados ou trens urbanos, e circulam por corredores exclusivos ou faixas prioritárias, o que reduz o tempo de viagem e melhora a regularidade do serviço.
Diferente das linhas comuns, que compartilham espaço com o trânsito geral e têm paradas frequentes, o TPC-MAC é estruturado para oferecer deslocamentos mais rápidos, integrados e com maior conforto em trajetos de alta demanda, geralmente entre bairros populosos e áreas centrais.
O ENMU tem como objetivo propor melhorias para o transporte público nas principais regiões urbanas do país, com base em critérios econômicos e demográficos. O boletim mais recente mostra que já foram mapeadas as necessidades de novas linhas de ônibus, metrôs, trens e outros modais, levando em conta o crescimento urbano a longo prazo.
O estudo apontou que Natal possui demandas específicas que estão sendo levadas em conta na elaboração de um plano nacional de mobilidade. Isso inclui a avaliação da atual infraestrutura de ônibus, a possibilidade de novas rotas de média e alta capacidade (como BRT ou VLT), além de estimativas de demanda futura.
Com essa expansão, a rede de transporte da capital potiguar considerada de média e alta capacidade pode crescer dos atuais 3 km para 77 km, aumentando o percentual da população que vive a até 1 km de estações de transporte coletivo para 25,3%. O número de pessoas atendidas diariamente pode chegar a 305,4 mil.
A pesquisa é realizada em várias etapas. Primeiro, os técnicos analisam a infraestrutura existente em cada região e o que já está previsto nos planos locais. Em seguida, simulam diferentes cenários, com e sem incentivos ao uso do transporte público, para avaliar os impactos no cotidiano da população. A partir dessas análises, será criado um banco de projetos com propostas detalhadas para cada cidade, orientando investimentos e parcerias para melhorar a mobilidade urbana.
O Diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Nelson Barbosa, explicou que a análise foi feita com foco em facilitar o deslocamento dos cidadãos. “Onde a população mora, normalmente ela trabalha. Então, pegamos as principais áreas e bairros de Natal, vendo o deslocamento feito”, explicou Barbosa.
Com a implantação completa da nova rede de transporte coletivo, o percentual de moradores de Natal que vivem a até 1 km de uma estação – o chamado índice PNT (People Near Transit) – chegaria a 25,3%. Esse indicador mede o quanto a população está próxima e pode se beneficiar diretamente dos sistemas de transporte público.
Segundo o BNDES, o levantamento ainda é preliminar e não foi apresentado oficialmente aos governos estaduais e municipais. “Vai depender da articulação entre as três esferas de governo e também do setor privado”, afirma o diretor sobre a concretização do projeto.
Transporte público carece de investimentos
Os critérios técnicos e socioeconômicos que justificam a projeção incluem o volume atual e potencial de passageiros, além da análise de origem e destino das viagens. O estudo indica que os moradores de Natal enfrentam um aumento no tempo médio de deslocamento entre casa e trabalho, situação que se agrava diante da insuficiência da atual rede de transporte metropolitano de média e alta capacidade.
A pesquisa também destaca a precariedade da malha ferroviária da cidade, considerada de baixa densidade e praticamente desativada. O trecho ainda em operação conta com infraestrutura precária e está sobrecarregado. Outro ponto crítico é o acesso rodoviário ao Porto de Natal, que enfrenta gargalos logísticos devido à alta demanda de escoamento de cargas.