FETRONOR comemora 50 anos com evento e ações voltadas para o futuro do transporte no Nordeste

Presidente da Fetronor aponta colapso silencioso no transporte público de Natal e cobra licitação

Do PORTAL UNIBUS
Foto: João Vital (FETRONOR)

O transporte público de Natal opera em meio a um “colapso silencioso”, sustentado por improvisos e sem respaldo legal. A avaliação é do presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Nordeste (Fetronor), Eudo Laranjeiras, que apontou a ausência de licitação como o maior entrave para o funcionamento adequado do sistema. “Nós operamos o que é determinado. A gente não tem segurança jurídica, não tem contrato que garanta investimento. Um ônibus custa quase um milhão de reais. Quem vai investir sem garantia?”, questionou.

Para Laranjeiras, o modelo atual de cálculo tarifário também compromete a qualidade do serviço. A metodologia, baseada no Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK), não considera a gratuidade integral nem o impacto da meia-passagem estudantil. O resultado, segundo ele, é a superlotação dos veículos e um sistema pressionado a operar no limite da capacidade. “A tarifa é feita para baixo, não leva em conta que o passageiro quer conforto. É um modelo ultrapassado que impede melhorias reais”, declarou.

Nos bastidores do setor, a percepção é de que o último edital de licitação, que previa uma subvenção de R\$ 60 milhões por ano, não seria suficiente para manter a rede operando com qualidade. Dividido mês a mês, o valor representaria apenas R\$ 5 milhões mensais para todo o sistema. “É pouco para um serviço sequer de qualidade”, resumiu Eudo.

Mesmo com incentivos fiscais — como a retirada do ISS pela Prefeitura de Natal e a isenção do ICMS sobre o diesel pelo Governo do Estado, que juntas representam cerca de R\$ 100 milhões em desoneração —, o setor segue sem base sólida para evoluir. “Falta planejamento, e isso cria um ciclo que termina no sucateamento do serviço”, alertou.

Sobre a proposta de tarifa zero, que já vem sendo aplicada em municípios como Caucaia (CE), Eudo foi taxativo: “Se tiver dinheiro para pagar a conta, ótimo”.

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