Do PORTAL UNIBUS
Foto: Arquivo/PORTAL UNIBUS/Ilustração
O pedido oficial da vice-prefeita de Parnamirim, Kátia Pires, encaminhado ao Departamento de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Norte (DER/RN) para a criação de uma linha de ônibus que atenda os bairros Coophab, Parque das Nações, Parque das Árvores e siga até Natal corre o risco de ser ignorado. Apesar de protocolado com prioridade, o pleito não deve sair do papel diante de pressões políticas de permissionários do transporte alternativo nos bastidores do órgão estadual.
A situação expõe novamente a fragilidade do planejamento da mobilidade urbana na Região Metropolitana de Natal, em que pedidos legítimos da população e de autoridades municipais são frequentemente sobrepostos por interesses de operadores alternativos com influência suficiente para bloquear avanços no transporte público regular.
O caso também reforça elementos já relatados anteriormente, quando o PORTAL UNIBUS revelou, com exclusividade, os entraves enfrentados por empresas concessionárias para operar rotas intermunicipais diante da atuação de operadores informais. Na ocasião, a diretora-geral do DER/RN, Natércia Nunes, foi procurada para comentar o tema, mas manteve silêncio diante dos questionamentos, sem apresentar posicionamento oficial ou cronograma de ações para reverter o cenário.
Pedido atende necessidade real da população
No dia 28 de maio, a vice-prefeita publicou um vídeo nas redes sociais anunciando o envio do ofício ao DER/RN solicitando a criação da linha. A proposta busca atender moradores de três bairros populosos de Parnamirim que atualmente não contam com uma linha de ônibus intermunicipal regular até a capital potiguar.
“Sabemos das dificuldades que a população dessas áreas enfrenta para ter acesso digno ao transporte, seja para estudar, trabalhar ou cuidar da vida diária”, afirmou Kátia Pires na legenda da publicação.
A solicitação foi classificada como urgente pela vice-prefeita, mas, até o momento, não há sinalização oficial do DER/RN sobre o andamento do processo, e fontes ligadas ao setor indicam que o pedido enfrenta forte resistência interna.
Pressões para impedir avanço da linha
Segundo informações apuradas com fontes ligadas ao DER/RN, há pressão direta no órgão para que a linha não seja autorizada. A resistência parte de interesses ligados ao transporte alternativo, que atua de forma predominante nos bairros citados e tem buscado evitar a presença de operadores regulares com concessão formal.

Essas pressões não são recentes, mas têm se intensificado em momentos em que se cogita ou solicita a retomada ou implantação de linhas legais. Nos bastidores, há relatos de que qualquer nova rota é vista como ameaça direta aos lucros de operadores informais, que mantêm domínio sobre determinadas áreas através de influência política e econômica.
O caso da Coophab é mais um exemplo de como a ausência de regulação eficaz e a falta de enfrentamento à atuação paralela contribuem para a estagnação da mobilidade metropolitana.
Moradores seguem sem alternativa segura
A falta de transporte público formal em bairros como Coophab, Parque das Nações e Parque das Árvores afeta diretamente a rotina de milhares de moradores, que dependem de deslocamento diário para trabalho, estudo e serviços públicos.
DER/RN acumula demandas ignoradas
Esse não é o único caso em que demandas por transporte regular são deixadas de lado pelo DER/RN. Municípios como São Gonçalo do Amarante e Macaíba e Extremoz enfrentam situações semelhantes, com demanda por ônibus regulares, enquanto operadores alternativos mantêm o controle de rotas.
O cenário reflete uma paralisia estrutural na gestão do transporte intermunicipal no RN, onde a atuação de empresas com concessão formal é cada vez mais reduzida, e as poucas tentativas de avanço enfrentam resistência por dentro do próprio sistema estatal.