Do PORTAL UNIBUS
Foto: Andreivny Ferreira (PORTAL UNIBUS)
A frota de ônibus em circulação no Brasil somou 395.084 unidades em 2024, segundo o relatório anual do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). O número representa um pequeno crescimento de 1,6% em relação aos 388.885 veículos registrados em 2023. Apesar do avanço, os ônibus continuam representando menos de 1% da frota circulante do país, que chegou a 48,08 milhões de veículos neste ano.
O levantamento mostra que o número de ônibus no país tem variado pouco ao longo da última década. Em 2015, eram 391,9 mil unidades, o que indica um crescimento acumulado de apenas 0,8% em nove anos. Entre 2017 e 2021, houve queda leve, revertida a partir de 2022, quando a frota voltou a crescer gradualmente.
Outro dado que chama atenção é o envelhecimento dos veículos. A participação de ônibus com idade entre 11 e 15 anos subiu de 19,0% em 2015 para 34% em 2024. Já os que têm entre 16 e 20 anos passaram de 12,3% para 19,4% no mesmo período. Em 2015, cerca de 81% da frota tinha até 15 anos de uso; em 2024, essa proporção caiu para 75%.
Para o Sindipeças, esse envelhecimento prolongado traz impactos diretos na qualidade dos serviços de transporte público e viagens rodoviárias. “O uso prolongado aumenta o custo de manutenção, compromete o conforto e a segurança dos passageiros e contribui para a maior emissão de poluentes, afetando a qualidade do ar nas cidades, especialmente nos grandes centros urbanos”, alerta o relatório.
Caminhões em expansão
Ao contrário dos ônibus, o segmento de caminhões registrou crescimento mais expressivo em 2024. A frota chegou a 2,24 milhões de unidades, aumento de 2,8% em relação aos 2,18 milhões registrados no ano anterior. Os caminhões representam 3,6% do total da frota circulante no país.
Segundo o Sindipeças, a alta foi impulsionada pelo desempenho da economia brasileira, que teve crescimento de 3,4% do PIB, e por fatores como a melhora nos índices de emprego e renda e o aumento da oferta de crédito, especialmente após a aprovação do Marco de Garantias (Lei nº 14.711/2023). O sindicato destaca, porém, a necessidade de acelerar a implantação do Programa Renovar (Lei nº 14.440/2022), voltado à renovação da frota para reduzir emissões e melhorar a segurança nas estradas.
Concentração e desigualdade regional
O relatório aponta que 82% dos veículos do país estão concentrados em apenas dez estados. O maior volume está em São Paulo, que detém 28,4% da frota nacional, seguido por Minas Gerais (14,8%), Paraná (7,4%), Rio de Janeiro (6,6%) e Rio Grande do Sul (6,2%). Juntos, esses cinco estados respondem por 63,4% do total de veículos em circulação.
Na sequência aparecem Santa Catarina (5,4%), Bahia (3,9%), Goiás (3,4%), Distrito Federal (3,0%) e Pernambuco (2,8%), que somam 18,5% da frota. As demais unidades federativas dividem os 18,1% restantes, evidenciando forte concentração regional.
Habitantes por veículo
A relação de habitantes por veículo segue em queda no Brasil. Em 2015, havia 4,8 habitantes por veículo em circulação. Em 2024, o número caiu para 4,4. O Sindipeças atribui o fenômeno ao crescimento da frota em ritmo superior ao da população.
Em comparação internacional, o Brasil apresenta relação semelhante à da China, mas distante dos países mais desenvolvidos — onde esse índice varia entre 1,2 e 2,0. O Brasil também tem uma taxa inferior à de países como Índia (15,8), Indonésia (11,3) e África do Sul (5,7).
Apesar do avanço, o sindicato afirma que há margem para crescimento da frota nacional, desde que sejam superados desafios estruturais como a concentração regional e os gargalos na mobilidade urbana. “O desenvolvimento sustentável do setor depende de políticas que incentivem a renovação de veículos e promovam maior equilíbrio na distribuição da frota pelo país”, conclui o Sindipeças.