Alto preço dificulta popularização de veículos Euro 6 no transporte de cargas

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (SETCESP)

A discussão sobre a emissão de poluentes na atmosfera pelo Transporte Rodoviário de Cargas (TRC) é recorrente e relevante. Para concretizar um mundo mais sustentável, programas como o Euro 6 e o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), agora em sua fase 8 (P8), são implementados para reduzir o impacto ambiental.

O Euro 6 e o Proconve 8 estabelecem limites máximos de emissão de poluentes por veículos automotores, visando reduzir o impacto ambiental do transporte na Europa e no Brasil, respectivamente. Embora compartilhem objetivos semelhantes, as normas apresentam algumas diferenças.

Diferenças
Implementado em 2014 na Europa, o Euro 6 estabelece limites mais rigorosos para material particulado e óxidos de nitrogênio (NOx) em comparação com o Proconve P7, a fase anterior da legislação brasileira. O Proconve P8, em vigor desde janeiro de 2023, alinha-se ao Euro 6, exigindo tecnologias mais avançadas para controle de emissões de poluentes, como o SCR (Redução Catalítica Seletiva) e o DPF (Filtro de Partículas). “Com a popularização do P8, a expectativa é de que tenhamos menores índices de emissões com claro benefício ao meio ambiente”, afirma o presidente do Setcesp, Adriano Depentor.

Desafios
Apesar da importância de atualizar a frota para o sistema P8, a implementação tem sido desafiadora. Os veículos compatíveis com o programa possuem um preço mais alto, dificultando a atualização da frota. Segundo o presidente do Setcesp, o valor dos veículos com tecnologia Euro 6 e P8 é 30% maior do que os anteriores. “O caminhão já possui um custo elevado para as empresas. Quando falamos dessas novas versões, a compra se torna um desafio ainda maior. É preciso entender que o transportador enfrenta muitos custos para a operação, além da questão tributária, que impacta toda a cadeia logística.”

No Brasil, o mercado de venda de caminhões com novas tecnologias não está aquecido. Dados da Anfavea compilados até outubro de 2023 mostram que o segmento acumulou 88.450 unidades emplacadas nos primeiros dez meses do ano, um recuo de 14,9% em relação ao mesmo período de 2022, quando 103.958 veículos foram comercializados.

Soluções propostas
Segundo Depentor, uma das soluções seria um plano de renovação de frota. “Se houvesse um programa que retirasse os veículos mais antigos das operações de transporte, proporcionando dignidade e remuneração sustentável ao operador, teríamos um programa eficaz e o caminho para erradicação dos maiores emissores”, afirma.

Além de melhorar as condições de trabalho dos motoristas, o Programa de Renovação de Frota pode modernizar equipamentos internos dos caminhões, reduzir a emissão de poluentes, aumentar a eficiência dos custos operacionais e a rentabilidade das empresas envolvidas. “A idade da frota é um dos pontos mais importantes na questão ambiental. Não adianta ter tecnologias avançadas em termos de redução de poluentes se não conseguimos colocá-las no mercado e substituir as tecnologias antigas”, afirmou o diretor técnico da Anfavea, Henry Joseph Jr, em recente evento de ESG realizado pelo Setcesp.

Para o sucesso da renovação da frota, Depentor destaca que o preço dos veículos deve ser ajustado à realidade do mercado. “O custo de um novo produto é um desafio. É necessário que ele seja similar ao que temos. Se vier com preço acima do que podemos pagar, uma das consequências pode ser a retração de mercado”.

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