Da Revista Technibus
Foto: Divulgação (Volare / Via Secco Comunicação)
A produção de ônibus ainda sente o efeito da mudança na legislação de emissões, com a entrada em vigor a fase P8 do Proconve (Euro 6), e acumula de janeiro a junho queda de 28,4%. No semestre, saíram da linha de produção 9.539 veículos, enquantoforam fabricados 13.331 ônibus no mesmo período de 2022, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea, atribuiu a retração do primeiro semestre à concentração de comercialização do estoque de veículos Euro 5 no período. “Para se adequar à demanda de modelos Euro 6, as montadoras estão ajustando a produção”, disse Bonini.
Do total de ônibus produzidos no primeiro semestre 7.915 são modelos urbanos, 30,9% a menos que no mesmo período de 2022, e 1.624 são de rodoviários, número 13,3% inferior aos 1.874 veículos fabricados nos seis meses do ano passado. Em junho, a produção se manteve estável com 1.949 veículos, o que representa um pequeno crescimento de 0,1% em relação a maio deste ano, que teve 1.947 veículos fabricados.
Vendas
No emplacamento de ônibus o resultado foi inverso, com retração de 7,6% em junho, totalizando 1.774 unidades, em comparação aos 1.920 veículos vendidos em maio deste ano. Mas no primeiro semestre houve aumento de 54,9% sobre os seis meses de 2022, com 11.322 veículos comercializados no país, enquanto de janeiro a junho de 2022 as vendas atingiram 7.309 unidades.
“Esse crescimento se deve à pré-compra de modelos Euro 5. Ao longo de 2022 por muitos meses a produção de chassis atingiu três mil unidades, volume muito superior à média da época e agora isso está refletindo no número de emplacamentos, pois o ônibus tem um prazo maior de encarroçamento”, esclareceu Bonini.
Dos 11.322 ônibus comercializados de janeiro a junho deste ano, 11,3%, o que equivale a 10.046 unidades, foram produzidos em 2023 – os modelos Euro 6. “Se compararmos com as estatísticas dos últimos cinco anos esse número deveria ser de 26%”, disse Bonini. “Isso mostra o impacto que ainda há no emplacamento dos modelos Euro 6 quando comparado ao dos modelos Euro 5.”
No ranking do primeiro semestre de 2023, a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com venda de 5.623 ônibus, 53,8% a mais que no acumulado de janeiro a junho de 2022 (3.656 unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 2.987 veículos, 60,7% acima do mesmo período do ano anterior (1.859 unidades), e o terceiro com a Agrale, que comercializou 1.735 veículos, 26,4% superior aos seis meses de 2022 (1.373 unidades).
Na sequência está posicionada a Volvo que vendeu 502 ônibus até junho, 130,3% acima do primeiro semestre do ano passado (218 unidades); a Iveco com 315 veículos, 266,3% superior a janeiro e junho do ano passado (86 unidades), e a Scania que vendeu 123 ônibus, com aumento de 39,8% sobre os seis meses de 2022, cujas vendas somaram 88 unidades.
Exportação
Nas exportações, o segmento de ônibus apresentou bom desempenho, com crescimento de 61,1% em junho em relação a maio, chegando a 683 veículos, e no primeiro semestre o aumento foi de 4,8%, com 2.249 veículos comercializados no exterior, antes os 2.146 vendidos nos seis meses de 2022.
Os modelos urbanos tiveram aumento de 20,9% nas exportações do primeiro semestre, com 1.352 unidades, ante 1.118 unidades embarcadas no mesmo período de 2022. Já os rodoviários registraram retração de 12,7% em relação aos seis meses de 2022, totalizando 897 unidades.
Reforma tributária
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, disse que essa coletiva de imprensa não poderia ser numa data e hora melhor ao se referir à aprovação da reforma tributária (PEC 45) e destacou que o otimismo com o Brasil é a cada dia reforçado e que as fabricantes apoiam e apostam no crescimento do país, onde já teve 3,8 milhões de veículos comercializados.
“A taxa de juros e o maior dificultador para o crescimento e, embora vem se mantendo em 13,75%, cada mês vem aumentando para o consumidor. Mas isso irá se resolver e já começamos a ver sinais de redução e será natural com aprovação da reforma tributária (PEC 45)”, comentou o presidente da Anfavea.
Márcio Leite falou que a reforma tributária em países democráticos é algo inédito no mundo. “É fundamental para o setor automotivo e a economia. Nós acreditamos em aumento de investimentos, em previsibilidade e amadurecimento do país e estamos celebrando muito a aprovação.”
Leite destacou que, apesar os volumes baixos de vendas, ainda não há fundamentos para revisar as projeções do setor, porque é preciso ver como será o comportamento nos meses de julho de agosto.
O vice-presidente da República Geraldo Alckmin, falou sobre a importância da aprovação da reforma tributária, que vai estimular a exportação porque retira a cumulatividade, desonera os investimentos, fará justiça ao setor industrial super tributado, simplifica, reduz o custo Brasil e diminui a judicialização. “É uma reforma importante para a economia brasileira, pois traz eficiência econômica e pode ajudar crescer o PIB”, disse Alckmin.