Da Agência AutoData
Foto: Divulgação (Marcopolo / Via Secco Comunicação)
Passado o grosso da crise trazida pela pandemia o segmento de ônibus define o atual momento em uma palavra: recuperação. Tanto que é o único com expressivo porcentual de crescimento na comparação a 2022. O motivo, entretanto, é a baixa base de comparação e a retomada das vendas que estavam represadas.
Diante do aumento das encomendas tanto de urbanos como de rodoviários a Marcopolo espera um aumento de 10% no faturamento de 2023, em linha com projeção divulgada pela Fenabrave. Segundo o presidente André Armaganijan a companhia possui projeção positiva diante da expectativa de renovação de frota desse mercado.
“É preciso lembrar que este é um segmento que, quando fica muito tempo sem renovar, faz aumentar muito o custo operacional do produto para o cliente”, citou o executivo. “Se compararmos números entregues por esta indústria, hoje, é muito menor do que em 2014, por exemplo. Por mais que ponderemos que houve recuperação ainda há espaço para mais recuperação.”
Ele reconheceu que a transição para o Euro 6 tem o seu impacto, principalmente por causa do aumento dos custos dos produtos, que gira em torno de 15% a 20%. Além disso ponderou que alguns dos projetos têm demorado mais tempo para o fim de seu desenvolvimento pelas próprias fabricantes de chassis.
“Neste segundo trimestre sabíamos que a troca para Euro 6 traria diminuição de volumes mas, para os outros trimestres do ano, enxergamos recuperação, o que faz com que a soma dos quatro trimestres resulte em crescimento frente a 2022.”
Para isto, solucionar o acesso ao crédito é fundamental. O executivo acredita que a tendência é a taxa básica de juros iniciar trajetória de queda, uma vez que atingiu seu limite, e justo no momento mais apertado para os operadores, que tiveram fortes perdas de geração de receita. Também crê que programas de financiamento do BNDES e que privilegiem fundos verdes deverão sair do papel para apoiar as vendas.
Armaganijan afirmou que existe uma retomada gradativa e que a produção hoje já é superior às dos anos de pandemia: “Este ano ainda não paramos, exceto em feriados. Estamos produzindo em dois turnos, nas duas fábricas. A ideia da Marcopolo não é, de forma alguma, fazer redução de estrutura quando há redução dos pedidos, porque estamos enxergando crescimento mais para a frente”.
Enquanto o ritmo de produção reaquece ele afirmou que a empresa está aproveitando para treinar trabalhadores. Durante a pandemia foram demitidos cerca de 3 mil operários mas 4 mil já foram recontratados, o que perfaz 10 mil funcionários no Brasil nas três fábricas da Marcopolo, sendo duas em Caxias do Sul, RS e uma em São Mateus, ES.
Migração de clientes do setor aéreo já aquece o rodoviário
Parte do otimismo de Armaganijan decorre do fato de que o setor aéreo, que assim como o rodoviário, que atrai o passageiro e em alguns momentos perde o cliente para o setor concorrente em outros, está com custos elevados e passagens caras: “Muita gente quer sair nesse pós-pandemia e tem aderido ao rodoviário, até classes A e B têm começado a testar, e começam a perceber que se trata de produto seguro, confortável e com conectividade”.
Segundo o executivo o fim de ano de 2022 foi um dos melhores para o período de férias e festividades, o que indicou reaquecimento de passageiros e, portanto, deste mercado. E que vem se mantendo ao longo deste ano.
Quanto ao mercado de urbanos, que também sofreu bastante na pandemia e vem em processo de renovação, pontuou que os subsídios do governo têm acontecido, o que também ajuda, porque a conta com tarifa não fecha sozinha: “Em algumas cidades tem havido compra direta por parte do governo. Realizamos vendas recentes para a Prefeitura do Rio de Janeiro em que ela própria comprou”.
Além disso é aguardada a divulgação do edital do Caminho da Escola para este mês, e, há poucos dias, foi anunciado programa temporário do governo para incentivo renovação da frota de veículos, que durante o prazo de cento e vinte dias concederá desconto na concessionária ao cliente que, ao comprar um 0 KM, entregar um velho, acima de vinte anos de idade, à empresa recicladora.
A Marcopolo ainda está tentando entender o funcionamento da iniciativa na prática, principalmente quanto ao descarte, mas aposta na renovação de micro-ônibus. Para a companhia o ideal é que o incentivo fosse estendido por mais tempo.