Vereador de Natal diz que há um sentimento de revolta e indignação na população por sucessivos adiamentos da licitação do transporte público

Do Agora RN
Foto: Matheus Felipe

“O transporte público de Natal sobrevive em meio ao caos que afeta, em especial, a população mais pobre, que sofre em ônibus velhos, quentes e com passagens caras, dada a baixa qualidade do serviço. Há um sentimento grande de revolta na cidade, semelhante ao episódio que ficou conhecido como ‘A Revolta do Busão’, ocorrida em junho de 2013 e que, provavelmente, vai se repetir em nossa cidade”, afirmou o vereador de Natal Robério Paulino (Psol).

O parlamentar afirmou que os constantes adiamentos do processo licitatório do sistema de transporte público de Natal, somados às linhas de ônibus tiradas de circulação nos últimos meses, redução da frota em circulação no período da pandemia de Covid-19 – favorecendo a aglomeração – e o estado precário dos próprios veículos são provas contundentes do descaso com que a Prefeitura Municipal e os empresários tratam os usuários do transporte público.

“A população natalense não merece mais essas latas velhas e, principalmente, o descaso do poder público com uma questão tão essencial para a cidade. Já são três adiamentos seguidos da licitação, muitas linhas subtraídas, redução da frota na pandemia, um escárnio do Seturn com a população, que transformou os ônibus em um ambiente propício para a Covid-19, elevando o número de mortes na cidade”, desabafou.

Para o parlamentar, esse novo adiamento da licitação gerou um intenso sentimento de revolta e indignação em muitos setores sociais, em especial trabalhadores e estudantes que usam o serviço diariamente. Segundo ele, até mesmo parte dos vereadores de Natal se indignou com o fato.

“Falta licitação, transparência, vergonha, respeito com a população. O transporte público cumpre um papel econômico para as empresas e um social essencial para milhares de trabalhadoras e trabalhadores, que o usam para seus deslocamentos ao trabalho ou estudo”, disse.

Para ele, a situação só mudará se houver forte mobilização popular, como ocorreu em 2013. “Dado o deboche das empresas e da prefeitura com a questão, parece não haver outra maneira de o povo se fazer escutar. Só o povo nas ruas terá o poder de mudar essa triste realidade. Prevejo uma nova explosão muito em breve. Basta alguém riscar a faísca”, disse.

Robério também destacou que os 396 ônibus da cidade estão velhos, sucateados e com tecnologia muito antiga, atrasada, enquanto o valor pago pela passagem – R$ 4 em dinheiro e R$ 3,90 com o cartão do sistema – está acima do preço de outras capitais brasileiras, mesmo Natal sendo uma das menores capitais. Ele deu como exemplo os valores cobrados em Maceió, R$ 3,35; São Luiz, R$ 3,70; Fortaleza e Belém, R$ 3,60; São Paulo, R$ 4,40; Goiânia, R$ 4,30; Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis, R$ 4,50, conforme dados de 28 de janeiro de 2022.

“Os contratos temporários com as empresas são frágeis, totalmente inadequados. Essa licitação precisa ser feita urgentemente, com condições claras para a concessão do serviço público, com abertura da caixa preta do Seturn. Na licitação, deve constar a modernização da frota, piso baixo nos ônibus para acessibilidade, ar-condicionado, reativar as linhas canceladas e rever o preço das passagens, entre outras melhorias”, explicou.

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