Nas férias de julho, demanda por viagem de ônibus está forte

Do Jornal Valor Econômico
Foto: Toninho Tavares (Agência Brasília / Flickr)

O bolso do consumidor mais apertado por causa da inflação, o preço dos combustíveis em alta e a disparada dos preços das passagens aéreas continuam sustentando o setor rodoviário e trazem otimismo às companhias de ônibus e plataformas de vendas de passagens neste mês de julho, de férias escolares. A demanda forte tem trazido um conforto importante ao caixa depois do caos sanitário dos últimos dois anos.

O cenário também se reflete em volume de tráfego nas rodovias, uma vez que mesmo com a gasolina cara, é mais barato viajar de carro considerando o transporte de uma família.

Na ClickBus, “marketplace” de venda de passagens, o aumento nas buscas foi de 164% para embarques em julho deste ano na comparação com o mesmo período de 2021. Em relação a 2019, também há crescimento.

“Com a retomada das viagens, há uma demanda reprimida e as pessoas estão dando preferência para destinos mais próximos e dentro do país. Com isso, o rodoviário se torna ainda mais atrativo para o público dada a sua capilaridade. Atualmente são mais de 4,8 mil destinos no Brasil”, diz Phillip Klien, presidente da ClickBus. De acordo com estimativas da plataforma, as passagens rodoviárias podem custar, em média, 88% a menos do que no modal aéreo.

“Com a alta nos preços das passagens aéreas, trocar as viagens de avião por ônibus se tornou parte da vida e dos planos dos brasileiros, principalmente agora nas férias de julho. Esse movimento vem acontecendo desde o início do ano, mas se intensificou com a alta dos combustíveis de março para cá”, diz Marcelo Vasconcellos, cofundador da Buser.

Prestes a bater a marca de 8 milhões de clientes cadastrados, a Buser espera dobrar o movimento de passageiros até o fim do mês, na comparação com julho do ano passado. Em relação ao mês anterior, o volume de passageiros deve crescer na casa dos 20%. De olho no potencial do setor neste período, a Buser lançou quatro novas rotas para Monte Verde e Campos do Jordão.

Já na Abrati, associação que congrega as empresas de transporte terrestre de passageiros, a estimativa é de crescimento de 12% no volume de passageiros transportados em julho na comparação com junho – mês que foi positivo, com feriados e festas juninas. O segmento ainda deve ficar um pouco abaixo do pré-pandemia, mas mantém a tendência de recuperação.

Segundo dados da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), compilados pela Abrati, o transporte rodoviário interestadual movimentou 28,8 milhões de passageiros em 2021, queda de 27,8% na comparação com o registrado em 2019. Em janeiro e fevereiro deste ano, também impactos pela pandemia, a queda já foi menor, de 24%.

“O número de passageiros com motivações turísticas utilizando os serviços de ônibus particulares saltou de cerca de 30% [do total de passageiros] em 2018 para 61% em 2021”, disse Letícia Pineschi, conselheira da Abrati, corroborando a visão de migração de parte dos clientes de outros modais.

A troca dos aeroportos pelas estradas se refletirá também em uma demanda firme para as concessionárias de rodovias neste mês de julho. A CCR ViaLagos prevê que 500 mil veículos passem pela via entre os dias 8 e 31 de julho. O número representa uma alta de 12% na comparação com igual período de 2019. Já na CCR ViaCosteira, em Santa Catarina, a expectativa é de 1 milhão de passagens – a concessionária começou a operar em 2021, no meio da pandemia.

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