Por UNIBUS RN
Fotos: Edvan Junior (Gentilmente cedida ao UNIBUS RN) e Andreivny Ferreira (UNIBUS RN)
Pelo terceiro dia consecutivo, cerca de 200 mil natalenses tiveram dificuldades para se locomover pela cidade, seja para trabalhar, seja para estudar, seja para cumprir outros compromissos. O motivo é a greve deflagrada pelos trabalhadores das seis empresas de ônibus de Natal, que entrou no terceiro dia e não registrou quaisquer perspectivas de encerramento a curto prazo.
Pelo menos, neste terceiro dia, mais ônibus estiveram nas ruas, refletindo o cumprimento de duas decisões judiciais que exigiram mais veículos para o atendimento à população enquanto perdurar o movimento. Mas, ainda assim, a quantidade de veículos nas ruas foi insuficiente para absorver tamanha demanda.
A greve, organizada pelo SINTRO RN (sindicato que representa os trabalhadores rodoviários), tem como pauta de reivindicações o cumprimento da data-base da categoria (previsto para o dia 1º de maio), o que não ocorreu nos últimos dois anos – consequentemente, não houve reajuste salarial neste período –, além da volta do valor do ticket alimentação para o que era pago antes da pandemia da COVID-19 (O valor foi reduzido de R$ 315 para R$ 180).
Aqui no UNIBUS RN, você está acompanhando uma grande cobertura do movimento paredista e seus desdobramentos em toda Natal. Continue a leitura e acompanhe os principais fatos do terceiro dia da greve dos rodoviários.
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Movimentação nas ruas: A quinta-feira teve menor movimentação de veículos particulares pela cidade. Foi um claro reflexo da maior quantidade de ônibus nas ruas exigida nas liminares assinadas pelo desembargador federal Eridson João Fernandes Medeiros, do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região. Os despachos previam que os rodoviários em greve devem liberar a saída de, no mínimo, 50% dos ônibus previstos para a circulação em Natal nesta quinta-feira – o número absoluto mínimo exigido era de 198 veículos.
Pela manhã, o UNIBUS RN esteve presente na garagem da empresa Nossa Senhora da Conceição, em Felipe Camarão. Um agente da STTU que estava presente no local foi ouvido pela reportagem e informou que a empresa disponibilizou dois ônibus a mais do que o mínimo de 50% exigido. Esses veículos, inclusive, acabaram quebrando e foram substituídos prontamente pela empresa, segundo o relato do agente de mobilidade urbana.
Às 17h, a reportagem solicitou ao SETURN, entidade que representa as empresas de ônibus, ao SINTRO RN, sindicato que representa os rodoviários, e a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) seus respectivos balanços do número de ônibus em circulação em Natal. Porém, até o fechamento da matéria, apenas o sindicato patronal respondeu ao nosso contato, se limitando a informar que os rodoviários cumpriram com a decisão judicial, colocando os 50% de frota previstos nas decisões judiciais.
As assessorias de imprensa da representação dos rodoviários e da STTU não responderam nossos contatos até o fechamento da reportagem.
Tarifa mantida: O SETURN, sindicato que representa as empresas de ônibus, já declarou não ter condições de atender ao que pedem os grevistas e, por isso, solicitou uma reunião com a mediação do prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), para discutir soluções para o problema. Os empresários sugerem, por exemplo, a desoneração do ISS, imposto municipal cobrado às empresas de ônibus, ou um reajuste na tarifa paga pelo usuário, para tornar viável o atendimento das reivindicações.
Entretanto, em entrevista à Rádio Jovem Pan News, a secretária de mobilidade urbana de Natal, Daliana Bandeira, garantiu que a tarifa continuará com os valores atuais (R$ 3,90 para a bilhetagem eletrônica e R$ 4,00 para pagamento em espécie). “A população já está passando por uma dificuldade tremenda neste momento e a tarifa não vai subir. Teremos que buscar alternativas para essa situação”, disse a secretária.
Na entrevista, a titular da STTU também criticou a postura das empresas de ônibus que teriam descumprido itens acordados para que a prefeitura desse a isenção do ISS em 2021. “Temos que ver quais linhas foram devolvidas e dar garantias de que elas serão retomadas, assim como a quantidade de ônibus circulando. É possível [uma nova isenção do ISS], mas tem que estar bem amarradas as contrapartidas”, disse Daliana, ao informar que, com a medida, a Prefeitura do Natal deixou de arrecadar entre R$ 600 mil e R$ 700 mil mensais. A isenção do ISS foi válida até 31 de dezembro de 2021.
Compasso de espera: Ao longo do dia, nenhuma novidade em relação às negociações. Tanto empresários quanto grevistas aguardam a realização de uma audiência de conciliação no TRT / RN para a realização de uma rodada de negociações.
O encontro, marcado para amanhã, 21, ocorrerá de maneira virtual e será mediado pelo desembargador Eridson João Fernandes Medeiros, vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região. Essa reunião já estava agendada antes da deflagração da greve e é referente a outro processo judicial envolvendo o dissídio coletivo da categoria, em tramitação na corte trabalhista.
No despacho que previu o aumento da frota mínima em circulação, o desembargador deixou claro que, caso não haja acordo no encontro de amanhã, haverá a convocação de uma nova audiência. “Acaso não alcançada a desejada conciliação, será aprazada nova audiência conciliatória nos presentes autos, procedendo-se à instrução do feito”, diz um trecho da liminar.