Da Agência AutoData
Foto: Jan Kopřiva (Pexels)
Quando se fala em futuro sustentável do setor automotivo o mundo todo parece caminhar para uma única direção: eletrificação. Profissionais brasileiros, contudo, cientes das dificuldades da falta de infraestrutura local e para preço final acessível, e ao mesmo tempo numa região dotada de fontes renováveis de energia, parecem ter encontrado uma terceira via na qual querem apostar e exportar: biomassa.
Iniciativa conjunta de Anfaeva, Sindipeças, Unica, SAE e AEA compõe o movimento MSBC, Mobilidade Sustentável de Baixo Carbono, lançado na quarta-feira, 27/10, cujo princípio é encontrar alternativas para que o País possa dar sua contribuição à redução global de emissões e estruture sua jornada de descarbonização.
O objetivo é combinar tecnologias viáveis economicamente para reduzir os gases estufa. E estabelecer caminho a ser seguido para que, em dez ou quinze anos, todo o setor, incluindo a cadeia automotiva e a de combustíveis, possa efetivamente minimizar a emissão de CO2.
Ricardo Abreu, consultor para mobilidade da Unica, ao apresentar as metas do MSBC, disse que “ouvimos que o mundo está abandonando o motor movido a combustão, mas eles equiparão, por muito tempo ainda, os veículos. Estudo da Anfavea em parceria com o BCG mostra participação de 18% de fontes alternativas de mobilidade até 2035. O resto, portanto, ainda será de combustão interna”.
Abreu garantiu que o Brasil tem a grande vantagem de produzir biocombustíveis e que, quando dizem que isso se trata de uma jabuticaba, algo exclusivo do País, ele discorda ao acreditar que é possível produzir em outros países e que “jabuticaba também se exporta”.
Exemplo é a Índia, que recentemente colocou o etanol como prioridade e criou plano para que, ainda na metade da década, aumente fortemente a utilização do biocombustível, abrindo espaço para a utilização de motorização flexfuel, mercado no qual empresas brasileiras já estão de olho.
Ao estruturar os passos para reduzir as emissões o MSBC pretende levar sugestões ao governo, para que sejam estabelecidas políticas públicas que incentivem esse processo. O movimento propõe a integração de programas existentes hoje no País, como RenovaBio, Rota 2030 e Proconve, como o caminho para combater o aquecimento global.
Outro ponto é que haverá artifícios para que as matrizes possam ser convencidas a investir em biomassa em paralelo à eletrificação. O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, disse que cada empresa decidirá suas apostas e sua velocidade e quanto investir em tecnologias, mas que é possível mostrar que as opções se complementam: “Não queremos fazer projeto que só atenda a indústria local. Temos de pensar em volume de exportações de veículos e eventualmente de combustíveis ou de conhecimento ou de tecnologia para que tenhamos solução que ajude nosso planeta no fim do dia”.
De acordo com o presidente da AEA, Besaliel Botelho, se houver união das diferentes entidades é possível colocar a academia para pensar e para desenvolver novas soluções inovadoras: “Daqui a dez anos podemos ser protagonistas em inovações tecnológicas usando a biomassa, falando na segunda geração do etanol, assim como um dia desenvolvemos o biocombustível, o biodiesel e soluções para o gás natural”.