Do Jornal O Tempo (MG)
Foto: Douglas Célio Brandão (Ônibus Brasil)
O número de viagens de ônibus realizadas em Belo Horizonte ainda é 24,9% menor do que no período anterior à pandemia: os últimos dados da prefeitura, do dia 10 de setembro, mostram que, naquela data, foram feitas 6.161 viagens a menos do que habitualmente. Ao mesmo tempo, a demanda de passageiros caiu 34,7%, no mesmo período. Mesmo assim, usuários reclamam que ônibus continuam lotados durante todo o período da crise sanitária e trabalhadores de bares e restaurantes, que terminam o expediente mais tarde, não têm transporte para chegar em casa.
A assistente jurídica Andriele Ferreira, 29, passou um ano trabalhando em home office e sentiu a diferença no transporte público quando voltou ao regime presencial. “Eu pego ônibus todo dia para ir para o trabalho, saindo do Alto Vera Cruz para o Centro. O ônibus está mais cheio e demorando mais. Eu tenho que sair um pouco mais cedo para conseguir chegar no horário certinho no escritório e chego um pouco mais tarde em casa, porque como o ônibus vem muito cheio, deixo passar e espero o mais vazio. Dá medo pegar ônibus cheio, porque nem todas as pessoas usam máscara”, descreve.
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) justifica que a oferta de ônibus só voltará aos patamares habituais quando todas as atividades tiverem retornado à relativa normalidade na capital. “Ainda há alguns setores suspensos, como o ensino superior, ou que voltaram em parte, como escolas de outros níveis de ensino; empresas cujos empregados estão em home office e outros”, cita, por meio de nota. O ensino superior, na verdade, já pode retornar em BH, mas algumas das maiores unidades da capital, como a PUC-Minas e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), decidiram manter as aulas teóricas suspensas.
Na última semana, o governo municipal publicou uma portaria em que obriga os operadores de transporte que atuam na cidade a apresentar um plano de recomposição de frota em até um mês à BHTrans. Desde o começo da pandemia, a prefeitura já aplicou 55.315 autuações aos consórcios de transporte por descumprimento de regras sanitárias e de operação na pandemia. As normas incluem redução do número de passageiros por ônibus e intervalos máximos de 30 minutos entre viagens nos horários de pico.
No país: Dados divulgados pela Associação Nacional das Empresas de Transporte Público (NTU), nesta segunda-feira (20), mostram que, nacionalmente, a oferta de transporte público ainda é 17,1% menor do que no período anterior à pandemia. Com diminuição também do número de passageiros, o presidente da associação, Otávio Cunha, responsabiliza o poder público pela diminuição da oferta de transporte público.
“Quem faz redução de oferta é o poder público, não as empresas. O transporte coletivo, em horário de pico, jamais vai andar vazio, vai andar lotado. O problema da lotação ou da superlotação precisa ser avaliado pelo poder público, mas garantindo equilíbrio econômico para a atividade. Acho que a oferta precisa ser normalizada, mas não se pode obrigar empresas a operar com 100% da frota tendo apenas 60%, 70% da demanda”, diz.