Família Lessa, que é investigada por suposta vacinação clandestina, comanda mais de 180 linhas de ônibus na Grande BH

Do G1 MG
Foto: Luis Henrique Silva/Ônibus Brasil/Ilustração

Na última segunda-feira (29), os empresários Rômulo e Robson Lessa, prestaram esclarecimentos na Polícia Federal pela suposta vacinação ocorrida em uma das garagens da empresa Coordenadas

A família Lessa, que é investigada pela Polícia Federal por suposta vacinação clandestina contra a Covid-19 ocorrida em uma garagem de ônibus, comanda um dos maiores conglomerados de transporte do estado. As empresas Saritur e Coordenadas são responsáveis por mais de 180 linhas de ônibus metropolitanos em 18 das 34 cidades da Grande BH.

Nesta segunda-feira (29), os empresários Rômulo e Robson Lessa, prestaram esclarecimentos na Polícia Federal pela suposta vacinação ocorrida em uma das garagens da empresa Coordenadas. O depoimento durou 3h30. Na saída, os irmãos e o advogado não falaram com os jornalistas.

De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, as operações estão concentradas nas cidades de Contagem, Ibirité, Nova Lima, Raposos, Rio Acima, Betim, Confins, Mario Campos, Sabará, Caeté, Nova União, Baldim, Jaboticatubas, Vespasiano, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Esmeraldas e Brumadinho.

Em Belo Horizonte, a família também domina o transporte coletivo de passageiros. Dos quatro consórcios da capital, três tem participação de empresas dos Lessa.

Segundo a BHTrans, no consórcio Pampulha, a Turilessa, que tem como sócios Rômulo Lessa Carvalho, Rubens Lessa Carvalho e a própria Saritur tem 4,84% de participação e a Viação Jardins que, segundo a Receita Federal, tem como sócios os irmãos Rômulo, Rubens, Roberto e Robson Lessa, tem 12,09%. No consórcio BHLeste, a S&M Transportes, que também tem os quatro irmãos como sócios, tem 16% de participação.

No dia 10 de março, a São Cristóvão Transportes, que tem entre os administradores a companhia Coordenadas, conseguiu autorização para aumentar de 6,88% para 7,94% a participação no consórcio Pedro II. No total, são mais de 70 linhas do transporte coletivo, concentradas nas regiões Leste, Nordeste, Noroeste e Venda Nova.

A Saritur nega que Rômulo e Robson façam parte do quadro de sócios da empresa e que em 2019, houve uma rescisão administrativa e a Coordenadas passou a funcionar de forma independente.

Para os funcionários, a Coordenadas, administrada por Victor Perez Lessa Carvalho, Bruna Perez Lessa Carvalho, Leonardo Rabelo Lessa Carvalho e Raphael Rabelo Lessa Carvalho, continua fazendo parte do grupo Saritur.

“Ele o Rômulo com os dois filhos, né, o Rafael e o Leonardo estiveram e tiraram foto aqui com todo mundo lá em cima e todo mundo com a roupa da Saritur, porque os nossos uniformes ainda são Saritur, entendeu? Eles alegam que a gente é um grupo. Que a gente é um grupo Saritur. Quando eles mudaram nossos crachás a gente queria saber se eram outras pessoas que iam pegar a garagem e eles alegaram que não, porque a gente faz parte de um grupo e esse grupo chama Saritur”, disse um funcionário que pediu para não ser identificado.

Diferentemente de outras cidades do país, o sistema de transporte coletivo urbano por ônibus de Belo Horizonte é 100% custeado pelos passageiros, por meio do pagamento das passagens. O reajuste é anual e está previsto no contrato de concessão firmado em 2008 entre a prefeitura e os consórcios associados ao SetraBH. Este reajuste serve para recompor a tarifa com base na correção pela inflação de seus insumos principais.

O SetraBH informou que, ao contrário de outras cidades, o fato de Belo Horizonte ter um número elevado de empresários na gestão do transporte coletivo, é benéfico para a cidade, pois evita o risco de concentração de decisões definidas por poucas pessoas. Disse, ainda, que o sistema de transporte coletivo urbano por ônibus de BH é 100% custeado pelos passageiros, por meio do pagamento das passagens e que o reajuste é anual e está previsto no contrato de concessão firmado em 2008 entre a prefeitura e os consórcios associados. Falou também que o reajuste serve somente para recompor a tarifa com base na correção pela inflação dos insumos.

Na sexta-feira (26), a PF cumpriu mandados de buscas e apreensão na garagem onde a suposta vacinação foi realizada. Os agentes apreenderam um celular com mensagens combinando a vacinação. A Justiça Federal determinou a quebra do sigilo dos equipamentos. As equipes também encontraram uma lista com 57 nomes.

Segundo da denúncia, a vacinação aconteceu na garagem da companhia Coordenadas de Transporte, que pertence à família Lessa. Dois dos sócios são filhos de Rômulo Lessa e que também aparece na Receita Federal como um dos administradores da empresa Saritur.

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