Do PORTAL UNIBUS
Foto: Thiago Martins
A elevação dos juros tem impactado diretamente o mercado de crédito para veículos comerciais, segundo a Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef). Com a taxa Selic mantida em 15% ao ano pelo Banco Central — o maior patamar desde 2016 — o segmento de ônibus apresentou mudança significativa no perfil de financiamento entre janeiro e setembro de 2025.
De acordo com a Anef, empresários do setor optaram por antecipar os pagamentos para evitar o aumento do custo financeiro. A participação das compras à vista subiu de 25% para 41% no acumulado de 2025, enquanto o Finame caiu de 31% para 19%. O leasing teve alta de 1% e o consórcio avançou de 4% para 7%.
Em 2024, o cenário era diferente: as vendas à vista representaram 23% e o Finame se destacava com crescimento de 31% para 35% nas operações de financiamento. O Crédito Direto ao Consumidor (CDC) caiu de 41% para 38% e o consórcio recuou de 5% para 4%.
A inadimplência acima de 90 dias na modalidade CDC também aumentou. Entre pessoas físicas, passou de 5,5% em setembro de 2024 para 6,7% no mesmo período deste ano. Entre empresas, subiu de 2,9% para 3,2%.
“Embora a inadimplência e os juros elevados continuem pressionando o crédito, o mercado começa a enxergar sinais de estabilização”, avaliou o presidente da Anef, Enilson Sales. “A manutenção das taxas em patamar alto pode indicar que o pior já passou e que os próximos meses trarão um ambiente mais previsível.”
Crédito liberado cresce levemente, apesar do cenário restritivo
Com o crédito mais caro, os bancos de montadoras liberaram R$ 202,3 bilhões em financiamentos de veículos nos primeiros nove meses de 2025 — um aumento de pouco mais de 1% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o total chegou a R$ 200,09 bilhões.
A Anef ressalta que, no terceiro trimestre de 2024, os recursos disponibilizados haviam crescido 32,2% em comparação com 2023, atingindo R$ 151,3 bilhões.
Mesmo com o CDC ainda concentrando quase todo o volume de crédito (R$ 200,8 bilhões), o leasing foi a modalidade que mais cresceu proporcionalmente, com alta de 42,3%, passando de R$ 1 milhão em 2024 para R$ 1,5 milhão em 2025. O saldo total da carteira de crédito alcançou R$ 525,2 bilhões — um crescimento de 13,2% sobre o mesmo período do ano passado, quando somava R$ 470,6 bilhões.





