Mercedes-Benz lança chassi de micro-ônibus com foco no transporte fora de estrada

Fabricantes de chassis de ônibus projetam retração nas vendas a partir de 2026

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Mercedes-Benz do Brasil)

Depois de três anos de crescimento contínuo na produção e nas vendas, o ciclo de recuperação da indústria de chassis de ônibus no Brasil deve se encerrar em 2026. A previsão é que o setor registre queda entre 13% e 17% nas vendas, totalizando de 21 mil a 22 mil unidades no próximo ano — abaixo das cerca de 25 mil esperadas para 2025.

Caso a projeção se confirme, o volume ficará praticamente igual ou inferior ao de 2024, quando foram produzidas 22,4 mil unidades. O cenário foi apontado por executivos das principais montadoras durante o Fórum AutoData Perspectivas Ônibus, realizado em 19 de setembro. Segundo Walter Barbosa, vice-presidente de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz, há sinais claros de desaceleração.

“Tivemos um sinal de alerta ao vermos queda de 27% nos emplacamentos em agosto, a primeira do ano. Os efeitos da Selic a 15% ao ano, que leva os juros na ponta a taxas de 18% a 20%, começam a afetar o interesse do operador. O custo é extremamente alto para motivá-lo a renovar a frota”, afirmou.

De acordo com dados da Anfavea, até setembro deste ano as fabricantes produziram 24 mil chassis, alta de 13,4% em relação ao mesmo período de 2024. No mercado interno, as vendas somaram 17,7 mil unidades, um avanço de 12,2%. Os emplacamentos de setembro, de 1,9 mil unidades, superaram em 13,6% os de agosto, mas ficaram 2,5% abaixo dos do mesmo mês do ano anterior.

Apesar da existência do Refrota, programa do Ministério das Cidades voltado à renovação de frotas urbanas, Barbosa avaliou que o mecanismo “ajuda, mas não resolve”, já que nem todas as empresas conseguem acesso e o financiamento subsidiado não contempla os segmentos de fretamento e rodoviário.

Paulo Arabian, diretor comercial de ônibus da Volvo, também prevê um cenário de retração. Ele destacou o acúmulo de estoques nas montadoras e a pressão de custos. “É difícil vir de anos bons e lidar com pressão inflacionária que não é contida pelos juros altos, aumento dos preços dos combustíveis, do ICMS do diesel e gasolina, além da elevação do tíquete médio da carroceria. Isso deteriora a margem de ganhos”, pontuou. Segundo ele, a queda na atividade econômica pode gerar demissões, o que reduziria a demanda por ônibus fretados para transporte de trabalhadores.

Na Volvo, a estratégia será ajustar a produção conforme a demanda e intensificar as exportações. “Existem outras ferramentas além de férias coletivas”, observou Arabian.

Já Jorge Carrer, diretor de vendas de ônibus da Volkswagen Caminhões e Ônibus, apontou fatores que podem amenizar a retração. Segundo ele, o calendário eleitoral de 2026 tende a gerar encomendas adicionais e o programa Caminho da Escola deverá impulsionar a produção no início do próximo ano. “A nova licitação do Caminho da Escola deverá refletir na produção já no início do ano que vem”, destacou.

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