Inflação alta e tarifa dos EUA pressionam setor de transportes, aponta CNT

Do PORTAL UNIBUS
Foto: João Geraldo Borges Júnior (Pixabay)

O Boletim de Conjuntura Econômica de julho de 2025, divulgado pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), revela um cenário desafiador para a economia brasileira, marcado por inflação persistente, juros elevados e desaquecimento da atividade econômica. Apesar disso, todos os segmentos do transporte nacional continuam operando acima dos níveis registrados antes da pandemia.

Um dos pontos mais críticos do relatório é o impacto da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre todas as exportações brasileiras, com vigência a partir de 1º de agosto. A medida afeta diretamente setores estratégicos da indústria e do agronegócio, o que pode comprometer a competitividade dos produtos brasileiros e reduzir significativamente as exportações. Com isso, empresas de transporte, operadores logísticos e caminhoneiros também sentirão os efeitos dessa retração no comércio exterior.

A CNT adverte que qualquer movimento do Brasil para retaliar com tarifas próprias sobre produtos norte-americanos pode acirrar a tensão comercial e prejudicar ainda mais o comércio bilateral. Como resposta, o país deverá buscar a diversificação de mercados e o fortalecimento da infraestrutura logística, com investimentos no sistema de transporte para atender novos destinos e manter a competitividade global.

A inflação segue sendo uma preocupação. Em junho, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,26%, acumulando alta de 5,35% nos últimos 12 meses, acima do teto da meta estipulado pelo Conselho Monetário Nacional, de 4,5%. Os principais aumentos ocorreram nos grupos de Educação (5,19%) e Habitação (3,8%). No grupo Transportes, a alta mensal foi de 0,27%, puxada por aumentos expressivos nos serviços de transporte por aplicativo (13,77%) e no aluguel de veículos (5,45%). Já os combustíveis apresentaram queda, com destaque para o óleo diesel (-1,36%) e o gás natural veicular (-1,10%).

Para conter a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 15% ao ano. A alta encarece o crédito e desestimula o consumo e os investimentos, mas é vista como necessária para conter os preços. A expectativa do mercado é que essa taxa seja mantida até dezembro. Já a projeção do IPCA ao fim de 2025 é de 5,17%.

Na taxa de câmbio, houve certa estabilidade: a média foi de R\$ 5,55 em junho, e o dólar chegou a R\$ 5,41 no início de julho, o menor patamar desde agosto de 2024. No entanto, a projeção é de valorização da moeda americana até o final do ano, com encerramento previsto em R\$ 5,65.

Os dados mais recentes da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) apontam crescimento de 0,1% no volume geral de serviços em maio. No entanto, o setor de transporte apresentou retração de 0,3% no mesmo mês, influenciado pela queda de 1,6% no transporte aquaviário e de 2,4% nos serviços auxiliares. O transporte aéreo, por outro lado, cresceu 4,5%. Já o volume de passageiros transportados subiu 3,3% e opera 9,4% acima dos níveis pré-pandemia. O transporte de cargas teve queda de 0,5%, mas ainda está 34,4% acima do patamar de fevereiro de 2020.

Em relação à atividade econômica, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado uma prévia do PIB, caiu 0,7% em maio frente ao mês anterior, frustrando as expectativas do mercado. Ainda assim, o nível de atividade segue 11,1% acima do período pré-pandêmico. A projeção para o crescimento do PIB em 2025 é de 2,23%, mas os riscos se mantêm elevados, com foco nas incertezas fiscais internas e nos desdobramentos do cenário internacional.

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