Frota de ônibus do Grande Recife atinge maior envelhecimento da história e preocupa usuários

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Rafael Fernandes

A frota de ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR) nunca esteve tão envelhecida — e, segundo projeções, deve piorar ainda mais até o fim de 2025. Dados oficiais obtidos pela coluna “Mobilidade”, veiculada no Jornal do Commercio, revelam que mais da metade dos coletivos em operação está acima da vida útil recomendada, e não há perspectiva concreta de renovação dos veículos.

O levantamento considera informações da frota de empresas permissionárias do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP), que ainda operam sem contrato formal. De janeiro de 2023 a abril de 2025, o número de veículos em circulação caiu de 1.826 para 1.689 — uma redução de 7,5%. Mais preocupante, porém, é o aumento da idade média da frota, que passou de 5,37 para 5,59 anos no mesmo período.

O dado mais alarmante é o número de veículos que seguem em circulação mesmo após a vida útil recomendada: eram 568 ônibus em janeiro de 2023 e chegaram a 868 em abril de 2025, o que representa mais de 51% da frota atual. A previsão é que esse número ultrapasse os 60% até dezembro, caso o cenário de falta de investimentos persista.

Empresas como a Metropolitana, Caxangá, Borborema e Globo foram algumas das que mais ampliaram o uso de veículos fora da vida útil. A Borborema, por exemplo, viu esse número saltar de 136 para 186. A Caxangá passou de 105 para 234 veículos, enquanto a Metropolitana subiu de 104 para 241.

Para o servidor público Carlos Henrique Silva, que utiliza diariamente os ônibus na RMR, a situação reflete o abandono do sistema. “Estamos vendo no dia a dia como os coletivos estão velhos. Enquanto muitas cidades têm ônibus novos, com ar-condicionado e até elétricos, nós paramos no tempo. E o governo não parece se importar”, lamenta.

Sem segurança jurídica nem garantias de subsídios, os operadores afirmam que não pretendem investir na renovação da frota. A situação se agrava com os constantes adiamentos da licitação do sistema metropolitano, que permanece sem definição. O transporte intermunicipal e o sistema complementar também enfrentam crise, com linhas suspensas e serviços prejudicados.

O problema, porém, não é exclusivo de Pernambuco. Dados do Anuário 2023/2024 da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostram que o Brasil tem hoje a frota de ônibus urbanos mais velha dos últimos 27 anos. A idade média dos coletivos no país é de 6 anos e 5 meses — a mais alta desde 2012 —, com veículos que chegam a rodar por até 12 anos.

Mesmo sendo o principal meio de deslocamento urbano, o transporte coletivo segue sem políticas de financiamento que incentivem a modernização da frota. Em meio à estagnação, quem paga a conta é o passageiro.

A Secretaria de Mobilidade e o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano foram procurados pela reportagem, mas não se pronunciaram até o fechamento desta matéria.

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