Do PORTAL UNIBUS
Foto: Andreivny Ferreira
Teve início nesta quarta-feira (4) a greve dos trabalhadores das empresas de ônibus de Natal. O movimento foi deflagrado à 0h após o fracasso de oito rodadas de negociação entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro-RN) e o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn) – a última foi realizada na terça-feira (3), na sede da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-RN).
A paralisação afeta diretamente cerca de 200 mil passageiros que utilizam diariamente o transporte público da capital potiguar. Esta é a primeira greve da categoria desde 2022.
Apesar da paralisação, há uma decisão judicial liminar que exige maior circulação de ônibus. A Desembargadora Isaura Maria Barbalho Simonetti, do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN), determinou que o Sintro-RN assegure a operação de 70% da frota nos horários de pico, respeitando o funcionamento regular do sistema. A magistrada também proibiu ações que impeçam o trabalho de motoristas não grevistas ou que comprometam a circulação dos ônibus, sob pena de multa diária de R$ 25 mil, aplicada ao sindicato e seus dirigentes.
O Seturn lamentou a deflagração da greve e destacou os esforços para manter o diálogo com os trabalhadores. Em entrevista à TV Tropical, o coordenador jurídico da entidade, Augusto Maranhão Valle, afirmou que o setor enfrenta “severas restrições econômicas” e um cenário de “instabilidade jurídica”, o que tem dificultado a negociação. Ele citou a indefinição sobre o subsídio ao transporte público, atualmente travado na Câmara Municipal, a paralisação da licitação do sistema no Tribunal de Contas do Estado e a ausência de regulamentação do serviço de mototáxi.
Ainda assim, segundo Maranhão, as empresas apresentaram uma proposta com “ganho real”. O texto inclui recomposição da inflação, aumento escalonado de 13,36% no vale-alimentação e reajuste de 15,5% no plano de saúde. “Nosso compromisso é garantir que o transporte coletivo siga funcionando de forma regular e eficiente”, afirmou.
Os rodoviários, por sua vez, aprovaram em assembleia realizada no último dia 30 de maio a proposta apresentada pelo mediador da SRTE-RN. O documento prevê, entre outros pontos: salário de R$ 2.583,37 em maio, com aumento para R$ 2.600,00 em outubro, vale-alimentação de R$ 500,00 em maio e R$ 550,00 em dezembro, reajuste de até 15,5% no plano de saúde, pagamento de CNH e exame toxicológico pelas empresas, banco de horas com validade de seis meses, retroativo a maio, e manutenção de todas as cláusulas atuais da convenção coletiva. Para a data-base de 2026, está previsto reajuste pelo INPC acrescido de ganho real, além de novo reajuste no plano de saúde.
A proposta patronal, apresentada no encontro desta terça (3), foi rejeitada pela categoria. Ela previa reajuste salarial de 5,5% em 2025, parcelado (3,5% em maio e 2% em novembro), reajuste de 15,5% no plano de saúde, aumento de 30% no vale-alimentação de forma parcelada, e ajuda de custo para renovação da CNH. O reajuste de 2026 seria definido com base no IPCA.
A Prefeitura do Natal, comandada por Paulinho Freire (União Brasil), ainda não se manifestou oficialmente sobre o impasse. Os trabalhadores cobram do prefeito uma atuação mais incisiva, lembrando que o município concede incentivos fiscais ao setor – como a redução do ISS – e, por isso, poderia ter um papel mais ativo para facilitar um acordo entre as partes.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) afirmou que ainda não havia sido oficialmente notificada sobre o início da greve até a noite desta terça-feira (3).