Do PORTAL UNIBUS
Foto: Andreivny Ferreira (PORTAL UNIBUS)
A quarta-feira foi marcada por um cenário difícil para cerca de 200 mil natalenses que precisam usar o sistema urbano de transporte por ônibus. O dia foi marcado por paralisação total dos ônibus municipais, forte chuva na capital e uma intensa movimentação nos bastidores das negociações. Ao final do dia, porém, o impasse foi resolvido: após audiência de conciliação mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN), um acordo foi firmado entre empresas e trabalhadores, e a assembleia da categoria confirmou o encerramento da greve.
Nesta matéria, o PORTAL UNIBUS faz um resumo dos principais fatos do dia.
Manhã de transtornos e frota parada
Apesar de uma liminar judicial que determinava a circulação de 70% da frota de ônibus nos horários de pico, nenhum veículo das linhas municipais saiu das garagens ao longo de todo o dia. Apenas ônibus de linhas semiurbanas e intermunicipais, como os operados por empresas da Grande Natal, circularam. Nas linhas urbanas, apenas os veículos do transporte opcional foram disponibilizados.
O cenário era o mesmo em toda a cidade: Paradas lotadas, comércio com menor movimentação e ruas com mais veículos – seja de aplicativo, seja de propriedade de quem estava neles. Os opcionais urbanos e os ônibus das linhas semiurbanas e da região metropolitana exibiam veículos extremamente lotados.
Além da paralisação, a cidade enfrentou fortes chuvas durante a manhã, o que agravou ainda mais os transtornos para os milhares de passageiros que dependem do transporte coletivo diariamente.
A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) chegou a divulgar um quadro completo com a programação de linhas, viagens e número de veículos previstos para operar em caráter emergencial nesta quarta-feira. A secretária Jódia Melo informou, em entrevista à Rádio Jovem Pan News Natal, que o órgão notificou as empresas com antecedência para garantir o cumprimento da decisão judicial. “Nosso papel é garantir o direito de ir e vir do cidadão natalense”, afirmou.
Diante do não cumprimento da liminar, a STTU comunicou o fato à Justiça do Trabalho. A categoria, por sua vez, afirmou que estava cumprindo com a liminar e não havia sido oficialmente notificada sobre a frota exata que deveria operar – também dizia não ter recebido os adesivos necessários para identificação dos ônibus que deveriam sair às ruas.
Negociação e acordo firmado
A solução para o impasse começou a ser construída durante a tarde. Além da trégua na chuva, houve a convocação de uma nova audiência de conciliação pelo TRT-RN. A reunião, presidida pela desembargadora Isaura Maria Barbalho Simonetti, vice-presidente do Tribunal, durou mais de três horas e resultou em um acordo aceito por ambas as partes.
Entre os principais pontos da proposta homologada pela Justiça, estão:
= Reajuste salarial de 5,53% (IPCA) em maio de 2025, com ganho real de 0,67% em março de 2026;
= Novo reajuste salarial pelo IPCA em maio de 2026;
= Vale-alimentação de R$ 500,00 a partir de junho de 2025, com aumento para R$ 550,00 em abril de 2026;
= Reajuste de até 15,5% no plano de saúde em 2026, e de até 10% em 2027;
= Pagamento das taxas de renovação da CNH para empregados com mais de 90 dias de contrato;
= Compensação de banco de horas e feriados em até 180 dias;
= O dia 4 de junho não será descontado dos trabalhadores;
= Salário de maio deve ser pago até 9 de junho;
= A convenção coletiva terá validade de 24 meses.
A desembargadora Isaura Simonetti comemorou o resultado da negociação. “Fico feliz pela solução que construímos entre as partes e pela população, que amanhã cedo já terá o transporte circulando na nossa cidade de Natal”, disse.
Assembleia confirma fim da greve
O SINTRO-RN convocou assembleia no início da noite desta quarta-feira, logo após a audiência judicial, e a categoria decidiu aceitar o acordo, encerrando oficialmente o movimento grevista. Com isso, os ônibus das linhas municipais de Natal voltam a circular normalmente a partir da manhã de quinta-feira (5).
O SETURN, sindicato que representa as empresas de ônibus, ainda não se pronunciou após o acordo final, mas havia se manifestado ao longo do dia defendendo que a paralisação era “prejudicial à cidade” e destacando os esforços feitos para manter o diálogo.
O prefeito de Natal, Paulinho Freire (União Brasil), não se manifestou oficialmente sobre a paralisação e tampouco participou das negociações. Os rodoviários vinham cobrando um posicionamento do Executivo municipal ao longo das últimas semanas.
O acordo põe fim a uma negociação que já durava semanas. Pelo menos oito rodadas de negociação haviam sido realizadas e não se chegava a um entendimento entre empresas e trabalhadores. Com o acordo selado e o fim da greve, os natalenses possuem a certeza de que, ao amanhecer da quinta-feira, as seis empresas que atendem a cidade disponibilizarão, normalmente, seus ônibus para trafegarem nas ruas e avenidas de Natal.