Do PORTAL UNIBUS
Foto: Rafael Fernandes
A Rodoviária Borborema, uma das mais antigas empresas de ônibus da região, anunciou a suspensão temporária das linhas intermunicipais que conectam a cidade de Vitória de Santo Antão ao Terminal Integrado de Passageiros (TIP), no Recife, e à cidade de Escada, ambas na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A paralisação terá início a partir do dia 8.
De acordo com a empresa, a medida decorre de um cenário considerado “insustentável” para a continuidade das operações, causado principalmente pelo longo período sem atualização tarifária — que já soma mais de 22 meses —, ausência de subsídios e o avanço do transporte clandestino na região. Em ofício encaminhado à Empresa Pernambucana de Transporte Intermunicipal (EPTI), a concessionária afirmou enfrentar um “grave desequilíbrio econômico-financeiro”, situação que tem inviabilizado a operação adequada das linhas.
Conforme reportagem publicada pelo blog do jornalista Ricardo Antunes, a Borborema informa que a receita projetada para manter os serviços era de cerca de R$ 65 mil por ônibus, com base no valor de R$ 6,50 por quilômetro rodado. No entanto, a arrecadação real tem girado em torno de R$ 30 mil por veículo, o que representa uma redução de aproximadamente 54% nas receitas. A empresa também destacou que os investimentos realizados para atender às exigências da licitação de 2014 nunca foram ressarcidos, gerando uma frustração de receita estimada em mais de R$ 500 milhões.
Além da defasagem tarifária, a Borborema também aponta a falta de políticas de subsídio ao transporte intermunicipal como agravante. Diferente do que ocorre na Região Metropolitana do Recife, onde há isenção de ICMS sobre o diesel e complementação para linhas deficitárias, os operadores intermunicipais não recebem qualquer apoio financeiro do governo estadual.
Outro fator citado pela empresa é o crescimento do transporte clandestino e a atuação irregular de linhas concorrentes, que operam sem fiscalização adequada. A empresa relata que encaminhou diversos pedidos à EPTI solicitando reforço na fiscalização, mas sem retorno efetivo até o momento.
A suspensão, segundo nota da própria Borborema publicada em reportagem do jornal Diário de Pernambuco, será temporária e poderá ser revertida caso haja a recomposição das condições mínimas para a viabilidade econômico-financeira das operações. A concessionária afirma que “não se pode aguardar prazo indeterminado para se tomar uma providência emergencial” e que, diante das circunstâncias, foi necessário descredenciar parte da frota para viabilizar a venda de veículos e garantir recursos para manter o restante da operação.
A empresa ainda declarou que pretende acionar judicialmente a EPTI, cobrando reparação pelos prejuízos acumulados durante o período sem reajuste e pela suposta omissão do Estado no combate à atividade clandestina.