Do PORTAL UNIBUS
Foto: Tânia Rêgo (Agência Brasil)
A Prefeitura do Rio anunciou nesta quarta-feira (28) a antecipação da nova licitação do sistema de ônibus da cidade, originalmente prevista para 2028. A medida integra o acordo judicial firmado no fim de abril entre a administração municipal, o Ministério Público Estadual e os quatro consórcios que operam as linhas de ônibus no município. A nova licitação será dividida em quatro fases, com início pela Zona Oeste, e prevê uma etapa de transição em que os atuais operadores perdem a exclusividade, até a entrada de um novo operador.
De acordo com o prefeito Eduardo Paes, essa mudança marca um ponto de inflexão na mobilidade urbana da cidade. Ele destacou que o sistema de ônibus da capital fluminense opera de forma precária há décadas e agora começa a passar por uma transformação estrutural, cujos impactos começarão a ser sentidos a partir de 2026. A primeira fase do cronograma vai até abril daquele ano e abrange as regiões de Campo Grande e Santa Cruz. Em Campo Grande, a frota que liga o bairro a outras regiões da cidade deve passar de 95 para cerca de 180 ônibus. Já as linhas locais terão crescimento de 37 para aproximadamente 200 veículos. Em Santa Cruz, o aumento será de 67 para cerca de 330 ônibus operando nas linhas locais.
As fases seguintes ocorrerão de forma escalonada até agosto de 2028. A fase 2 ocorrerá entre novembro de 2025 e setembro de 2026, incluindo a Zona Oeste, Vila Isabel e Ilha do Governador. A fase 3, entre abril de 2026 e abril de 2027, contemplará a Zona Oeste, Barra da Tijuca, Jacarepaguá e parte da Zona Norte. A fase 4, entre novembro de 2026 e novembro de 2027, continuará atendendo essas regiões. A fase final, entre setembro de 2027 e agosto de 2028, incluirá a Zona Sul e as linhas com bom índice de avaliação.
O novo modelo de operação dividirá a cidade em 31 lotes, sendo 22 estruturais e 9 locais. Os lotes estruturais atenderão diferentes áreas da cidade, enquanto os locais se concentrarão em deslocamentos entre bairros vizinhos. A reconfiguração busca tornar a gestão do sistema mais eficiente e ampliar a cobertura, beneficiando regiões antes desassistidas.
A qualidade da operação será monitorada a cada trimestre por meio do Índice de Qualidade do Transporte (IQT), que considera fatores como satisfação dos usuários, idade média da frota, climatização, pontualidade e regularidade. Linhas operadas por empresas com desempenho inferior a 0,8 no IQT poderão ser repassadas a novos operadores ou assumidas diretamente pelo município.
Todos os ônibus da nova concessão deverão ser novos, com ar-condicionado, piso baixo, rampa de acessibilidade, tecnologia sustentável e três portas – uma para embarque frontal e duas para desembarque. Esses veículos serão considerados bens públicos ao fim do contrato. Os recursos decorrentes das glosas de subsídios, que somam mais de R\$ 100 milhões, serão utilizados para aquisição desses novos veículos.
Desde o primeiro acordo judicial, firmado em 2022, a cidade já registrou melhorias significativas: mil ônibus foram incorporados à frota, 200 linhas foram ativadas ou reativadas — incluindo 65 noturnas — e mais de 800 pontos de ônibus voltaram a ser atendidos. A quantidade de viagens em dias úteis subiu de 19.162 para 24.537, com aumento da quilometragem programada de 821 mil para mais de 1 milhão de quilômetros por dia.
A secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, ressaltou que a mudança vai além do que foi feito com o BRT e terá impactos profundos na rotina dos mais de 2 milhões de passageiros diários do sistema regular. Segundo ela, trata-se de uma transformação estrutural e de longo prazo, mas com cronograma definido e metas claras.