Transporte mantém desempenho acima da média da economia mesmo com cenário adverso, aponta CNT

Do PORTAL UNIBUS
Foto: João Geraldo Borges Júnior (Pixabay)

Mesmo diante de um ambiente macroeconômico marcado por juros altos, inflação persistente e câmbio instável, o setor de transporte brasileiro segue demonstrando resiliência e desempenho superior ao da economia nacional. É o que aponta o Boletim de Conjuntura Econômica da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgado nesta quinta-feira, 22.

Segundo dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), o grupo “Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio” apresentou, em março, alta de 1,7% no volume de serviços em relação a fevereiro. O índice é quase seis vezes maior que o avanço médio do setor de serviços, que cresceu apenas 0,3% no período.

Em relação ao nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), o setor transportador acumula alta de 19,6%, puxado principalmente pelo transporte de cargas, que registra crescimento de 35,6% em comparação com os dados anteriores à crise sanitária. Já o transporte de passageiros avança de forma mais gradual: alta de 2,0% em março, com patamar 1,8% superior ao período pré-pandêmico.

Crédito caro e inflação afetam investimentos
A alta da taxa Selic, que chegou a 14,75% ao ano em maio após nova elevação de 0,5 ponto percentual, segue como fator de pressão para o setor. A taxa é a mais alta em quase duas décadas. Para a gerente executiva de Economia da CNT, Fernanda Schwantes, os juros elevados dificultam o acesso ao crédito, desestimulam investimentos e aumentam os custos operacionais das empresas transportadoras.

A inflação acumulada em 12 meses está em 5,53%, acima do teto da meta de 4,5% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2025. Segundo o Relatório Focus, tanto os juros quanto a inflação devem seguir elevados até o fim do ano.

Combustíveis recuam em abril, mas seguem pressionando
Apesar de o mês de abril ter registrado queda de 0,45% nos preços do grupo combustíveis, o alívio é considerado pontual. O óleo diesel, principal insumo do transporte de cargas e passageiros, caiu 1,27% no mês, mas ainda acumula alta de 4,37% em 2025. Etanol e gasolina também recuaram em abril, mas mantêm elevações no acumulado do ano.

Câmbio segue volátil e desafia setor dependente de importados
A cotação do dólar recuou nos últimos meses, passando de R$ 6,21 em janeiro para R$ 5,63 em maio, influenciada por decisões da política monetária e acordos internacionais. A previsão, no entanto, é que a moeda norte-americana encerre 2025 a R$ 5,82, o que mantém a pressão sobre transportadoras que dependem de peças e equipamentos importados.

Expectativas positivas apesar dos entraves
O índice IBC-Br, que antecipa o resultado do PIB, cresceu 0,8% em março, com alta acumulada de 1,3% no primeiro trimestre. A expectativa do mercado é que o PIB brasileiro cresça 2,02% em 2025, número sujeito a revisão conforme a evolução do cenário fiscal.

Segundo Fernanda Schwantes, o setor transportador ainda enfrenta gargalos estruturais e desafios conjunturais, como a falta de integração modal e infraestrutura deficiente. “O desempenho positivo do setor reforça a importância de políticas públicas que garantam previsibilidade e segurança jurídica aos empresários”, conclui.

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