Zona Leste de São Paulo recebe novos ônibus 100% elétricos da BYD

Estudo aponta que produção nacional de ônibus elétricos poderá triplicar até 2028

Do PORTAL UNIBUS
Com informações da Revista Technibus
Foto: Divulgação (BYD do Brasil)

A produção de ônibus elétricos no Brasil poderá evoluir em três fases distintas nos próximos 15 anos, conforme projeções apresentadas por Edgar Barassa, fundador da Barassa & Cruz Consulting e consultor contratado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em estudo realizado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e a Cooperação Técnica Alemã (GIZ).

Segundo Barassa, em uma perspectiva conservadora, a produção de ônibus elétricos no país deve passar de cerca de mil unidades em 2024 para pouco mais de três mil até 2028. “Este crescimento gradual reflete um período de construção, adaptação e estabelecimento das bases produtivas e tecnológicas necessárias para a expansão da indústria de ônibus elétricos no Brasil”, explica Barassa, em entrevista à Revista Technibus. “A perspectiva mais conservadora nesse período pode ser atribuída aos desafios iniciais de implementação pelas cidades, ajustes de mercado e consolidação de políticas públicas de apoio. Nessa fase, observa-se ausência de maturidade em áreas críticas de manufatura, como a produção de ímãs e células de baterias no Brasil, que ainda não estão estabelecidas”, completa.

Na fase seguinte, entre 2029 e 2034, o avanço da produção se acelera, com a projeção de que até 5,5 mil ônibus elétricos sejam produzidos anualmente no país, considerando tanto o mercado interno quanto as exportações. Esse salto é atribuído à maturação tecnológica, ao fortalecimento da cadeia produtiva e à ação de políticas como o programa Nova Indústria Brasil (NIB) e o Mobilidade Verde e Inovação (Mover), que contribuem com incentivos financeiros e regulatórios para o setor.

A terceira etapa, entre 2035 e 2039, deve representar um platô de estabilização, com a produção anual alcançando cerca de sete mil unidades. Nesse momento, o setor deve atingir equilíbrio entre oferta e demanda, além de consolidar a produção nacional de componentes, inclusive baterias. Barassa afirma que o amadurecimento das tecnologias e a maior eficiência industrial contribuirão para a estabilização do mercado, tanto no atendimento ao Brasil quanto à América Latina.

O estudo “Diretrizes e propostas para um plano nacional da cadeia de ônibus elétricos no Brasil”, concluído em novembro de 2023, envolveu mais de cem participantes, representando cerca de 70 instituições ligadas à eletromobilidade, incluindo Sindipeças, Anfavea, ABVE, AEA, além de empresas, entidades financeiras, especialistas e órgãos públicos. O trabalho propõe a criação de um ecossistema produtivo nacional robusto, com metas de nacionalização de até 80% dos componentes em dez anos, incentivos fiscais para atrair fábricas de peças atualmente importadas e programas de capacitação para trabalhadores em todos os elos da cadeia.

A iniciativa também sugere a criação de uma plataforma de exportação com apoio da Apex-Brasil, a inclusão de ônibus elétricos no programa Caminho da Escola, investimentos em pesquisa e desenvolvimento com recursos da Finep e do BNDES, bem como ações específicas para apoiar a produção local de baterias, com foco em células, módulos e pacotes. Há ainda propostas para padronizar plugues e conectores no padrão CCS2, implementar programa de reciclagem e monitoramento do estado de saúde das baterias (SOH) e revisar normas de segurança, como a Resolução Contran 749/2018.

Segundo Barassa, a adoção de uma política robusta de nacionalização poderá gerar 280 mil empregos até 2030 e elevar o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 0,4 ponto percentual, o que representaria um adicional médio anual de R\$ 3,1 bilhões.

O estudo também destaca o avanço da eletromobilidade na América Latina. Até junho de 2024, a frota de ônibus elétricos na região já somava 5.449 unidades, sendo 80% veículos a bateria e 20% trólebus. O Chile lidera com 2.310 unidades, seguido pela Colômbia, com 1.590. No mundo, foram vendidos cerca de 50 mil ônibus elétricos em 2024, e o estoque global já supera 635 mil unidades — o equivalente a 3% da frota total.

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