Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (TEVX Higer Bus)
Após uma semana de testes, o ônibus 100% elétrico em operação na linha N-72, em Natal, tem conquistado usuários e reacendido o debate sobre o futuro da mobilidade urbana na capital potiguar. A iniciativa, que segue em avaliação até 14 de maio, é conduzida pela Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU), que pretende analisar os dados do período para decidir sobre a possível expansão da frota elétrica.
Fabricado pela TEVX Higer, o modelo Azure A12BR vem equipado com ar-condicionado ecológico com dutos individuais, Wi-Fi, carregadores USB e painéis digitais informativos — diferenciais que já despertaram elogios entusiasmados de quem depende do transporte público diariamente.
“Estou me sentindo no paraíso”, afirmou Marleide Freitas, professora de 62 anos, ao comparar o conforto térmico e a estabilidade do veículo com a realidade habitual de superlotação e calor nos ônibus a diesel da cidade.
O conforto foi também o ponto alto para a cuidadora Selma Pereira dos Santos, que destacou a necessidade de mais veículos como o elétrico, especialmente na zona Norte, região de maior demanda. “Ele é mega confortável, mas seria preciso aumentar a quantidade para fazer diferença de verdade”, observou.
Além dos passageiros, motoristas também notaram as melhorias. Paulo Wagner, condutor do modelo desde o início dos testes, ressaltou o ganho de qualidade de trabalho com o veículo. “É outro carro, tudo diferente, bem mais confortável. E com ar-condicionado, melhora para todos”, contou.
Redução de emissões e menor consumo
A expectativa em torno do modelo não se restringe ao conforto. Segundo Rubens Ramos, professor e integrante da comissão da STTU que avalia os testes, a adoção do ônibus elétrico representa um salto tecnológico comparável à transição do telefone fixo para o 5G. O modelo, segundo ele, consome apenas 25% a 30% da energia de um ônibus a diesel e elimina a emissão de poluentes locais, o que o torna atrativo do ponto de vista ambiental e de saúde pública.
“É um ônibus com freio a disco, ABS, suspensão a ar e ar-condicionado funcional. Sem degraus, facilita o embarque. Em quebra-molas, se comporta muito bem. Os resultados preliminares são bastante positivos”, disse Ramos, em entrevista ao jornal Tribuna do Norte.
Do ponto de vista da infraestrutura, a Neoenergia Cosern confirmou que tem capacidade de oferecer o suporte elétrico necessário, com instalação em tempo reduzido. A importação do modelo testado também está garantida, o que reforça a viabilidade logística da implementação.
Desafios financeiros
Apesar dos pontos positivos, o alto custo ainda é um entrave. Ramos alerta que um ônibus elétrico custa cerca de três vezes mais que um modelo convencional, embora a comparação mais justa, segundo ele, deva ser feita com ônibus a diesel de padrão similar — avaliado em torno de R\$ 1,5 milhão.
Por isso, o próximo passo é estruturar um modelo financeiro robusto que permita a inserção dos veículos elétricos sem sobrecarregar os cofres públicos nem os usuários. Com a avaliação técnica em andamento e o apoio popular crescente, a capital potiguar entra de vez na rota nacional da eletromobilidade urbana.