Do PORTAL UNIBUS
Foto: Vinícius Marinho (Gentilmente cedida)
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) instaurou inquérito para investigar denúncias de importunação sexual ocorridas dentro do ônibus circular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no campus de Natal. Segundo a Polícia Civil, cerca de 20 boletins de ocorrência já foram registrados, e a Ouvidoria da UFRN confirmou o recebimento de 29 denúncias relatando episódios semelhantes.
As vítimas afirmam que os crimes foram cometidos por um único suspeito, que utilizava uma mochila para disfarçar atos libidinosos dentro do coletivo. Os casos geraram alerta entre estudantes e mobilizaram a instituição, que divulgou nota informando que colabora com as investigações e que oferece apoio às vítimas, sem detalhar quais medidas estão sendo adotadas.
“Nosso papel é ter essa escuta, promover orientações e encaminhamentos diante do sofrimento causado por casos de assédio, discriminação ou qualquer outro tipo de violência”, afirmou Juliana Paiva, assessora técnica de Desenvolvimento Pessoal da UFRN.
Relatos das estudantes
Algumas vítimas, que preferiram não se identificar, relataram à Inter TV Cabugi os momentos de tensão vividos durante as abordagens do suspeito:
“Ele sentou ao meu lado, o ônibus estava bem vazio, e botou a mochila no colo, com a mão escondida. No começo, achei que não era nada, mas depois percebi. Ele é alto, negro, cabelo crespo e carrega uma mochila grande”, diz uma denunciante.
“Eu estava sozinha no Expresso Reitoria quando ele se sentou ao meu lado. Usava uma mochila grande e começou a pressioná-la contra o meu colo, com uma das mãos por baixo. Fiquei em choque, tremendo. Pedi que ele se afastasse. Ele saiu assustado e consegui descer do circular”, relatou outra vítima.
Crime e penalidade
A importunação sexual é crime previsto no Código Penal Brasileiro, com pena de 1 a 5 anos de prisão, segundo a advogada Geyse Raulino, presidente da Comissão da Mulher da OAB-RN. A especialista reforça a importância da denúncia: “O crime ocorre quando alguém, sem consentimento, encosta, se esfrega ou realiza ato sexual com outra pessoa. Esse tipo de abordagem é frequente em transportes públicos, onde o agressor usa a lotação ou objetos como mochilas para disfarçar o toque”.
A polícia orienta que outras possíveis vítimas também procurem a DEAM para registrar o ocorrido e auxiliar na identificação e prisão do suspeito.
“A vítima nunca é culpada. Precisamos oferecer ambientes institucionais e transportes seguros para mulheres e acolher essas denúncias para que o crime seja de fato combatido”, completou Raulino.