Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (Caio Induscar)
A Polícia Federal (PF) investiga a possível ligação de duas empresas de ônibus de São Paulo com integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). A apuração, de acordo com reportagem divulgada pelo portal G1, faz parte da Operação Mafiusi, que investiga desde o ano passado a relação de membros da facção criminosa brasileira com a Ndrangheta, organização mafiosa da Calábria, na Itália.
As empresas citadas no inquérito são a Movebuss e a Transunião. A investigação ocorre após a prefeitura paulistana já ter rompido contratos com outras duas companhias do setor, Transwolff e UPBus, também por suspeita de envolvimento com o PCC.
As movimentações financeiras de Patrícia Soriano, irmã de Roberto Soriano, apontado pelas autoridades como um dos líderes da facção, chamaram a atenção da PF. Patrícia também é viúva de Edmilson de Menezes, investigado por atuar no tráfico internacional de drogas e falecido em 2024. Segundo os investigadores, ela recebeu quase R$ 228 mil da Movebuss entre 2020 e outubro de 2022, com depósitos feitos de forma fragmentada e recorrente. Além disso, a PF aponta que os valores não foram declarados à Receita Federal e que o padrão de vida da família não condiz com a renda informada.
Já no caso da Transunião, a empresa opera 51 linhas de ônibus na Zona Leste da capital paulista, transportando cerca de 260 mil passageiros por dia. A PF identificou uma movimentação financeira de R$ 32 milhões nas contas de Jair Ramos de Freitas, suspeito de envolvimento com a organização criminosa e que chegou a ser preso em 2022. Segundo os investigadores, grande parte desse valor veio da empresa, sem registros de notas fiscais para justificar os repasses. A PF também aponta um aumento de mais de 1.000% nas fontes de renda de Jair entre 2020 e 2021, levantando suspeitas de que as transações possam estar ligadas a um esquema de lavagem de dinheiro.
Posicionamento das empresas e citados
Em nota, a Transunião negou qualquer envolvimento com atividades criminosas e afirmou estar à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. A defesa de Jair Ramos de Freitas declarou que o dinheiro movimentado é lícito e que há documentos que comprovam sua origem.
Já a Movebuss afirmou que não tem relação com o crime organizado e justificou os pagamentos a Patrícia Soriano como parte de um contrato de locação de ônibus. Segundo a reportagem do G1, não foi possível obter contato com Patrícia.