Do PORTAL UNIBUS
Foto: Tomaz Silva (Agência Brasil)
Desde 1987, o Brasil registrou 4.898 incêndios em ônibus, resultando em um prejuízo de R$ 3 bilhões ao longo de 37 anos. Além dos custos financeiros, esses eventos afetam diretamente a população, com cerca de 1,4 milhão de passageiros deixando de utilizar o transporte coletivo e uma redução de 91,5 milhões de quilômetros percorridos.
Os dados são do estudo “Impacto dos ônibus incendiados (1987-2024) – Cenário Nacional”, divulgado pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). O levantamento, atualizado bimestralmente, mostra que só em 2024 foram registrados 69 incêndios em ônibus, resultando em 27 vítimas fatais, 80 feridos graves e um prejuízo de R$ 41,7 milhões.
Impactos na mobilidade e na segurança pública
O transporte público é essencial para a mobilidade urbana, e a destruição de veículos compromete o serviço, resultando em superlotação, aumento no tempo de espera e dificuldades para os passageiros. Os incidentes também afetam indiretamente o comércio local, serviços essenciais e a segurança pública.
Além dos prejuízos materiais, os incêndios representam risco direto à vida dos passageiros e trabalhadores do transporte, aumentando a sensação de insegurança. O estudo indica que esses crimes costumam ser planejados, muitas vezes ligados a facções criminosas em represália a ações policiais ou decisões do sistema penitenciário.
Situação na Grande Vitória
Na Região Metropolitana da Grande Vitória, os ataques ao transporte público têm sido recorrentes. Entre 2004 e 2025, 94 ônibus do Sistema Transcol foram incendiados. Apenas em 2024, um incidente em Vila Velha envolveu a tentativa de destruição de um coletivo com um coquetel molotov, resultando em ferimentos em uma motorista.
O diretor executivo do GVBus, Elias Baltazar, destaca que os prejuízos financeiros são elevados, atingindo R$ 75,2 milhões em pouco mais de 20 anos. “Um ônibus novo custa, em média, R$ 800 mil, e sua reposição pode levar até três meses, sem contar os trâmites legais para que ele volte a operar”, explicou.
Motivações e soluções
Segundo a NTU e a Confederação Nacional do Transporte (CNT), a destruição de ônibus pode ter diferentes motivações, desde protestos até ações criminosas organizadas. A sensação de impunidade também é apontada como fator agravante, pois poucos responsáveis por esses crimes são condenados ou cumprem penas significativas.
Empresários do setor de transportes defendem mudanças na legislação, incluindo a classificação desses ataques como crime de terrorismo. Projetos de lei tramitam no Congresso Nacional para endurecer penalidades para crimes dessa natureza.
Outras medidas incluem o reforço da segurança nos coletivos, como sistemas de videomonitoramento e comunicação direta entre motoristas e forças de segurança. Em Vitória, os ônibus do Sistema Transcol contam com câmeras e procedimentos para desvio de rotas em caso de risco.
Marcelo Campos Antunes, diretor-presidente da Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES), enfatiza que a segurança no transporte público é uma prioridade. “Estamos em constante diálogo com autoridades e empresas para aprimorar medidas de prevenção e garantir a proteção de passageiros e trabalhadores”, afirmou.
Enquanto soluções de longo prazo são discutidas, a violência contra ônibus segue como um desafio para a mobilidade urbana no Brasil, impactando diretamente a vida de milhões de usuários.