Do PORTAL UNIBUS
Foto: Acervo (PORTAL UNIBUS)
O transporte público em Natal segue enfrentando problemas estruturais que impactam diretamente os usuários, como a limitação de linhas, a ausência de modernização e a falta de integração entre modais. A tarifa, reajustada para R$ 4,90 no final de 2024, coloca a capital potiguar como a terceira mais cara do Nordeste e a 11ª do Brasil, superando cidades como o Rio de Janeiro, onde a passagem custa R$ 4,70.
De acordo com a Prefeitura de Natal, o valor corresponde a 83,66% da tarifa técnica de R$ 5,14, com os R$ 0,24 restantes sendo subsidiados. Para Rubens Ramos, engenheiro civil e especialista em transporte, o aumento tarifário é reflexo de um sistema que transfere ao passageiro custos que poderiam ser subsidiados, como gratuidades para idosos, estudantes e pessoas com deficiência. Ele estima que cerca de 25% dos usuários não pagam passagem ou têm desconto.
Usuários apontam dificuldades
Durval Araújo, de 68 anos, utiliza a gratuidade para se deslocar duas vezes ao dia até o trabalho no bairro da Cidade Alta. Ele relata problemas como longos tempos de espera, especialmente aos domingos, e a falta de ar-condicionado nos ônibus. “Já esperei mais de uma hora no ponto e desisti de sair de casa”, lamenta, em entrevista ao jornal Tribuna do Norte.
Adriana da Silva, moradora de Nova Natal, também enfrenta dificuldades, como superlotação e trajetos demorados. “Preciso sair de casa com duas horas de antecedência para evitar atrasos. Às vezes, opto por transporte por aplicativo, que acaba sendo mais prático”, comenta.
A falta de integração entre ônibus, trens e transportes intermunicipais também foi destacada por Ramos. Segundo ele, a ausência de diálogo entre os sistemas eleva custos e aumenta os tempos de deslocamento, prejudicando a eficiência do transporte público.
Modernização como solução
A modernização da frota, incluindo a adoção de ônibus elétricos, é apontada como uma possível solução para reduzir custos e melhorar o serviço. Enquanto cidades como São Paulo e João Pessoa já avançam nesse sentido, Natal ainda aguarda a realização da licitação do transporte público, prometida para 2024, mas ainda sem prazo definido.
De acordo com a Secretaria de Mobilidade Urbana (STTU), o edital da licitação foi elaborado, mas depende de ajustes e aprovação pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN). O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos (SETURN) acredita que a licitação é essencial para trazer melhorias e segurança jurídica para as operadoras.
“A implementação de uma licitação transparente e eficiente poderá marcar um ponto de virada na história do transporte público em Natal”, afirmou o SETURN em nota.