BRT de Belém convive com problemas estruturais e superlotação

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Mácio Ferreira (Agência Belém / Prefeitura de Belém)

O projeto de mobilidade urbana Bus Rapid Transit (BRT) de Belém, iniciado há 12 anos com um investimento de R$ 430 milhões, prometia revolucionar o transporte público na capital paraense, facilitando o deslocamento de moradores do distrito de Icoaraci até o centro da cidade. No entanto, o que deveria ser uma solução para o trânsito e um alívio para os usuários do transporte público se transformou em motivo de frustração para muitos.

Apesar de a maioria das estações estarem em funcionamento, oferecendo embarque e desembarque de passageiros, os problemas estruturais, o abandono de alguns espaços e a insuficiência de ônibus articulados para atender à demanda são queixas constantes dos usuários.

Uma reportagem do portal Diário do Pará percorreu as estações do BRT, desde o bairro de São Brás até o Terminal Maracacuera, em Icoaraci, e encontrou diversas falhas na infraestrutura. A Estação São Brás, por exemplo, tornou-se abrigo para pessoas em situação de rua e acumula lixo em suas dependências. Já na Estação Bosque, apenas dois dos quatro terminais de embarque e desembarque estão em uso. As estações Tuna Luso e Tavares Bastos também enfrentam problemas, com sensores defeituosos que mantêm as portas abertas o tempo todo, comprometendo a segurança dos passageiros.

Usuários relatam superlotação e falta de manutenção
A pedagoga Nelma Nunes, de 48 anos, que costumava usar o BRT para ir à faculdade, relata que, atualmente, prefere utilizar aplicativos de transporte individual. “Sempre que venho ao Terminal Maracacuera, os ônibus saem lotados. São poucos veículos para atender a necessidade da população, especialmente pela manhã, quando as pessoas estão indo trabalhar. É preciso aumentar a frota, principalmente nos fins de semana”, afirma.

O estudante Joab Melo, de 19 anos, enfrenta diariamente o trajeto de pé, entre Icoaraci e a Estação do Parque Shopping, no bairro do Parque Verde. “A superlotação é um dos maiores problemas para quem usa o BRT. Mesmo com ar-condicionado, o calor é intenso por causa da quantidade de pessoas”, desabafa.

Além da superlotação, a falta de limpeza e a má conservação de alguns ônibus são outras reclamações frequentes. O garçom Flávio Oliveira, de 31 anos, que utiliza o BRT diariamente, sugere melhorias nas condições dos veículos e das estações. “Os ônibus são quentes e as estações também deveriam ser climatizadas”, comenta.

O autônomo Rafael Jefferson, de 30 anos, diz que evita utilizar os ônibus articulados devido à superlotação. “Já usei para ir até São Brás, mas os ônibus sempre saem muito cheios. É uma experiência horrível, então prefiro esperar por outro veículo, mesmo que demore. Acabo gastando o mesmo tempo de um ônibus comum no trânsito”, lamenta.

Resposta da Semob e audiência no TCMPA
Em resposta às críticas, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informou que está em andamento um processo de contratação de uma empresa para a manutenção dos prédios das estações e terminais do sistema BRT. A frota atual é composta por 15 ônibus articulados e 25 troncais, e a limpeza dos veículos é responsabilidade das empresas operadoras, sendo realizada nas garagens. A Semob afirmou que realiza fiscalizações rotineiras e autua empresas que descumprem as Ordens de Serviço. Além disso, anunciou a aquisição de novos ônibus para reforçar o sistema.

Sobre as denúncias de sobrepreço na compra de ônibus elétricos, a Semob esteve presente em uma audiência no Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará (TCMPA), onde representantes esclareceram que a medida cautelar do tribunal suspende apenas o pagamento dos veículos, não a sua circulação. A Prefeitura de Belém garantiu que todas as questões levantadas pelo TCMPA estão sendo respondidas e que, até 21 de agosto, apresentará detalhes operacionais do serviço que será prestado pelos novos ônibus elétricos.

O projeto do BRT Belém, que inicialmente surgiu como uma solução inovadora para os problemas de mobilidade urbana, agora enfrenta desafios que colocam em xeque a qualidade do transporte público na capital paraense. As respostas e ações da Semob nos próximos meses serão cruciais para determinar o futuro do sistema e a satisfação dos usuários.

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