Estudo da CNT revela preferência por aplicativos de mobilidade em detrimento ao transporte público

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Tomaz Silva (Agência Brasil)

Um estudo recente da Confederação Nacional do Transporte (CNT) revelou uma tendência significativa no comportamento dos brasileiros em relação ao transporte urbano: cada vez mais pessoas estão abandonando o transporte público coletivo em favor dos aplicativos de mobilidade. Desde o final de 2021, observa-se um crescimento na troca do uso de ônibus por serviços de transporte com motocicletas, como Uber e 99 Moto.

Essa migração, que traz preocupações devido ao aumento nos acidentes, colisões e fatalidades envolvendo motocicletas, foi confirmada na atualização mais recente da Pesquisa CNT de Mobilidade da População Urbana. Os dados ressaltam a necessidade de uma ação urgente por parte das autoridades públicas para regulamentar e, se necessário, restringir o serviço de mototáxi. Prefeitos, governadores e o governo federal são apontados como responsáveis por implementar medidas que garantam maior segurança aos usuários desses serviços.

Aplicativos de mobilidade aceleram abandono do transporte público
A pesquisa da CNT destaca que os serviços de transporte por aplicativos, tanto de carros quanto de motos, têm desempenhado um papel crucial na diminuição do uso de transporte público. A adesão a esses serviços cresceu significativamente, passando de 1,0% em 2017 para 11,1% em 2024, com destaque para a população de baixa renda. Entre os que substituíram os ônibus pelos aplicativos, 56,6% pertencem à classe C e 20,1% às classes D e E.

Bruno Batista, diretor executivo da CNT e coordenador da pesquisa, observa que essa tendência está diretamente relacionada à insatisfação com o transporte coletivo. “Neste ano, 56,9% dos entrevistados afirmaram que deixaram de usar o ônibus totalmente ou diminuíram o uso, preferindo as opções de transporte privado, especialmente as motos”, afirmou Batista.

Insegurança nas viagens por aplicativos
A pesquisa também revelou uma preocupação significativa com a segurança das viagens por aplicativos de moto. Mais da metade dos usuários desses serviços reconhece os riscos envolvidos, como quedas e colisões, e 17,1% apontam a falta de equipamentos de segurança adequados como um problema.

Apesar desses riscos, a migração para o transporte por aplicativos de moto continua a crescer, mesmo com o aumento dos custos associados a esse tipo de transporte. “O crescimento do uso de aplicativos de mobilidade reflete o desejo da população por um transporte mais rápido e confiável, embora isso tenha um impacto negativo na mobilidade urbana e na qualidade de vida nas cidades”, destacou Batista.

Desafios para o transporte público
O estudo da CNT também evidenciou a deterioração da imagem do transporte público no Brasil. Em comparação com a pesquisa anterior, realizada em 2017, o percentual de pessoas que consideram o transporte público um problema quase dobrou, passando de 12,4% para 24,3%. A utilização do transporte coletivo também caiu, com uma redução de 14,3% no uso de ônibus em relação a 2017.

Enquanto isso, a posse de veículos particulares, como carros e motos, aumentou substancialmente. O uso de carros próprios subiu de 22,2% para 29,6%, enquanto o uso de motos mais que dobrou, passando de 5,1% para 10,9% no mesmo período.

Busca por conforto e sustentabilidade
Embora o preço das passagens seja um fator importante para a diminuição do uso do transporte público, a pesquisa da CNT revelou que uma parte significativa dos passageiros estaria disposta a pagar mais por um transporte mais confortável e sustentável. Mais de 57% dos entrevistados afirmaram que pagariam uma tarifa mais alta para garantir assentos nos ônibus, e 52,6% estariam dispostos a pagar mais por veículos menos poluentes, enquanto 32,1% aceitariam tarifas mais altas para utilizar ônibus elétricos.

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