Do PORTAL UNIBUS
Foto: Henrique Vieira / Tahe Filmes / BYD Brasil
A elevação dos emplacamentos de veículos importados no primeiro semestre de 2024 está gerando sentimentos mistos no mercado automotivo. Enquanto as montadoras instaladas no Brasil buscam frear as importações, os consumidores demonstram um crescente interesse por esses veículos, especialmente os elétricos.
De janeiro a junho, foram emplacados quase 45 mil veículos importados, conforme dados da Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa). Esse número representa um aumento de 235% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Apesar do crescimento, os veículos importados correspondem a apenas cerca de 5% dos licenciamentos totais no Brasil nos primeiros seis meses deste ano, que somaram 1,07 milhão de unidades.
“Em qualquer mercado, é saudável uma participação dos importados em torno de 10% a 15%. No Brasil, temos cerca de 5%, ou aproximadamente 200 mil veículos. Se as empresas não estão preparadas para essa competição, elas precisam repensar suas estratégias no mercado brasileiro”, afirmou Marcelo Godoy, presidente da Abeifa e da Volvo Cars.
Godoy destacou que os consumidores brasileiros, assim como em outros mercados, buscam veículos com mais tecnologia e segurança, muitas vezes encontrados nos carros importados. “A indústria nacional já deveria ter investido mais nesses itens. Devemos oferecer o que o consumidor deseja, seja um carro elétrico ou eletrificado.”
Dos 45 mil veículos importados vendidos pelas associadas da Abeifa no primeiro semestre, 92% (41.417) foram veículos eletrificados. Esses modelos representaram mais da metade do total de híbridos e elétricos vendidos no país no período.
Montadoras pedem tarifa cheia do Imposto de Importação
Recentemente, as montadoras instaladas no Brasil solicitaram o retorno imediato da alíquota cheia do Imposto de Importação (II) para veículos. Conforme a regra negociada anteriormente, a tarifa aumentará gradualmente, começando com 18% em julho de 2024 e alcançando 35% em julho de 2026.
“As empresas já se prepararam e estocaram veículos até julho. Não esperamos ver mais navios com carros importados chegando até o final do ano. Portanto, não faz sentido retomar a tarifa cheia agora, pois a importação será mínima”, ressaltou Godoy.
A Abeifa prevê que os emplacamentos de veículos importados de suas associadas cheguem a 96,8 mil unidades este ano. “Esperamos que esse pedido não avance e que o MDIC, na pessoa do ministro Geraldo Alckmin, mantenha as regras estabelecidas.”
Inclusão de carros elétricos no “Imposto do Pecado”
Outra questão debatida é a inclusão de carros elétricos no Imposto Seletivo, conhecido como “imposto do pecado”, no projeto de lei da Reforma Tributária. Godoy criticou essa inclusão e afirmou que a associação está trabalhando para remover os elétricos do texto que será avaliado pelo Senado.
No último dia 10 de julho, a Câmara dos Deputados aprovou a regulamentação do texto da Reforma Tributária com a inclusão de carros elétricos no Imposto Seletivo. O projeto agora segue para o Senado.
“Estamos discutindo ativamente na Câmara e no Senado. Não faz sentido incluir carros elétricos no Imposto Seletivo. O argumento de que a bateria é prejudicial ao meio ambiente é frágil diante dos benefícios ambientais desses veículos”, argumentou Godoy.
Segundo ele, o foco deveria ser o descarte adequado das baterias, o que pode ser tratado no âmbito do programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover). “Atualmente, não haverá descarte das baterias, pois são muito valiosas. Sempre haverá uma segunda ou terceira vida para esse equipamento. Essa é uma questão política, não ambiental.”