Brasil registra aumento de mortes e acidentes de trânsito relacionados ao álcool nas rodovias federais

Do PORTAL UNIBUS
Foto: Divulgação (CPRE / PM-RN)

O número de mortes e acidentes de trânsito causados pela ingestão de álcool por motoristas aumentou em 2024 nas rodovias federais brasileiras, com um crescimento de 22% nas mortes e 7% nos acidentes. Segundo um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) solicitado pela Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), 77 pessoas perderam a vida em 1.507 acidentes ocorridos entre janeiro e maio deste ano. No mesmo período do ano passado, houve 63 mortes em 1.409 acidentes.

“É inaceitável que 16 anos após a criação da Lei Seca, o Brasil ainda registre um aumento no número de mortes em eventos evitáveis causados pela combinação perigosa e criminosa de álcool e direção”, comenta Alysson Coimbra, diretor científico da Ammetra.

O levantamento também revelou que 18.705 operações da Lei Seca foram realizadas no Brasil durante este período. As fiscalizações resultaram na aplicação de 4.013 infrações por direção sob efeito de álcool, mas o número pode ser muito maior, já que 17.332 infrações foram registradas por recusa ao teste de alcoolemia. “É difícil acreditar que quem se recusa a fazer o teste do bafômetro não tenha bebido. Essa é uma brecha inexplicável na lei”, afirma Coimbra.

Coimbra destacou que o aumento de 22% nas mortes é alarmante porque interrompe uma sequência de quedas no número de acidentes e mortes relacionadas ao álcool desde 2019. “Esses dados são um alerta para especialistas, entidades e autoridades de segurança viária. Precisamos melhorar nossos mecanismos de fiscalização com operações mais eficazes e estratégicas. Devemos ampliar o teste de alcoolemia para toda e qualquer abordagem ou ocorrência envolvendo motoristas nas ruas, estradas e avenidas do Brasil”, comenta.

Além de intensificar as campanhas de conscientização e as fiscalizações, Coimbra defende mudanças na legislação para quem provoca mortes e ferimentos ao dirigir alcoolizado. Ele argumenta que a certeza de não ser preso faz com que muitos motoristas insistam em dirigir após beber. “É preciso aplicar o conceito de dolo eventual ao motorista que, sabendo dos riscos, ainda assim dirige alcoolizado. Devemos aplicar o rigor máximo da lei aos infratores que causam mortes e ferimentos para afastar a sensação de impunidade e salvar vidas no trânsito”, conclui.

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