Do PORTAL UNIBUS
Foto: Rovena Rosa (Agência Brasil)
Os motoristas, cobradores e demais trabalhadores do setor de transporte rodoviário urbano de São Paulo decidiram entrar em greve na próxima sexta-feira, 7 de junho. A decisão foi tomada em assembleia realizada na tarde desta segunda-feira, 3, em frente à sede da Prefeitura. Cerca de 4 mil trabalhadores participaram do encontro, no qual foi rejeitada a proposta salarial apresentada pelas empresas que operam o serviço na cidade.
Os trabalhadores, representados pelo Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindimotoristas), exigem um reajuste salarial de 3,69% conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), um aumento real de 5% e a reposição das perdas salariais acumuladas durante a pandemia, estimadas em 2,46% com base em dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As empresas ofereceram um reajuste de 2,77% e a recomposição da diferença pelo Salariômetro, um indicador medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
A greve, que terá duração de 24 horas, começará à meia-noite de sexta-feira e se estenderá até às 23h59, afetando as 38 garagens de ônibus espalhadas pela cidade. A paralisação deverá impactar todo o sistema de transporte público por ônibus na capital, que atende cerca de 7 milhões de passageiros diariamente.
O presidente do Sindimotoristas, Edvaldo Santiago da Silva, afirmou que a categoria cumprirá qualquer ordem judicial que determine a circulação parcial da frota em horários de pico. “Se houver decisão judicial [pela circulação parcial da frota], nós vamos atender no horário de pico, mas às 9h vamos mandar recolher”, disse Silva à Folha de S. Paulo. “Não estamos contra o Judiciário, mas queremos que entendam a situação da nossa categoria.”
A prefeitura de São Paulo informou, em nota, que acompanha a negociação entre os trabalhadores e os empresários, e que defende o direito à livre manifestação democrática, desde que a legislação seja rigorosamente cumprida, com aviso prévio de 72 horas antes da paralisação e manutenção de uma frota mínima em horários de pico. A gestão municipal afirmou que o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM) estará de prontidão para eventuais ocorrências durante a greve. “O Município reforça a necessidade de atendimento aos 7 milhões de passageiros dos ônibus para que não sejam prejudicados”, diz a nota da prefeitura.
O Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss) considerou a paralisação inoportuna e destacou que as negociações ainda não foram encerradas. “É totalmente inoportuna qualquer decisão sobre paralisação da operação do transporte de passageiros, um serviço essencial e estratégico, que pode causar sérios prejuízos à mobilidade dos paulistanos”, afirmou o SPUrbanuss em nota.
A administração municipal espera que os representantes da categoria e dos empresários encontrem um ponto em comum na campanha salarial sem prejuízo aos passageiros.