Da Revista Technibus
Foto: Thiago Martins (UNIBUS RN)
Depois de dois anos impactado pela crise sanitária, o mercado de ônibus começa apresentar uma recuperação mais consistente. Com 17.370 veículos emplacados de janeiro a outubro deste ano, o que representou um crescimento de 30,5% sobre o mesmo período de 2022 (13.314 unidades), o segmento já alcançou o volume vendido em todo o ano de 2022, que foi de 17.357 unidades, conforme mostram os números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Se repetir a média mensal de 1.500 veículos vendidos em novembro e dezembro, o mercado de ônibus poderá fechar o ano com vendas superiores a 20 mil unidades, o mesmo volume registrado em 2019 (20.932 unidades) -, antes da pandemia. “O mercado de ônibus vive um bom momento, e para 2024 acreditamos em crescimento”, comentou Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
Vinícius Pereira, economista da Anfavea, atribuiu o crescimento de 30,5% no volume emplacado de janeiro a outubro de 2023 em relação ao mesmo período de 2022 ao contexto atual que o segmento vive com a recuperação da demanda. “Antes do movimento pré-pandemia em 2019 o setor emplacava cerca de 21 mil unidades, e em 2020, 2021 e 2022 foi muito prejudicado pela crise sanitária e o volume emplacado caiu para 14 mil unidades em 2020 e 2021 e para 17,3 mil em 2022. Então, esse crescimento tem muito a ver com o volume baixo dos anos anteriores”, explicou Pereira.
No ranking de vendas de janeiro a outubro de 2023, a liderança ficou com a Mercedes-Benz, com 9.304 ônibus emplacados, 50,1% a mais que no acumulado dos dez meses de 2022 (6.197) unidades). O segundo lugar ficou com a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que vendeu 3.986 veículos, 8,6% acima do mesmo período do ano anterior (3.672 unidades), e o terceiro com a Agrale, que comercializou 2.565 veículos, 8,6% superior ao acumulado de janeiro a outubro de 2022 (2.362 unidades).
Na sequência, está posicionada a Volvo que vendeu 604 ônibus até outubro, 45,2% acima dos dez meses do ano passado (416 unidades); a Iveco com 517 veículos, 26,4% superior a janeiro a outubro de 2022 (409 unidades), e a Scania que vendeu 329 ônibus, com aumento de 62,1% sobre os dez meses de 2022, cujas vendas somaram 203 unidades.
Produção
A produção de 2.098 chassis de ônibus em outubro foi 12,5% superior a setembro (1.865 unidades), mas na comparação com outubro de 2022 (3.126 ônibus) a queda foi de 32,9%. E no acumulado de janeiro a outubro de 2023 a retração chegou a 35,2%, com 17.453 veículos emplacados, ante um volume de 26.950 unidades nos dez meses de 2022.
“A queda na produção de janeiro a outubro é devido a mudanças nas regras do Proconve que causou dificuldades ao setor e agora ocorre um ajuste na produção para os atuais níveis de mercado”, explicou o economista da Anfavea.
Do total de ônibus produzido até outubro, 14.309 unidades foram de modelos urbanos, 39,9% abaixo dos 23.824 veículos fabricados de janeiro a outubro de 2022. De modelos rodoviários, são 3.144 unidades, 0,6% a mais que nos dez meses do ano passado (3.126 chassis).
Exportação
O desempenho das exportações de ônibus ficou abaixo das expectativas da Anfavea. Em outubro, o volume de embarques caiu 11,3% em relação a setembro, passando de 461 para 409 unidades. No acumulado de janeiro a outubro, a retração foi de 8,9%, de 4.548 para 4.145 ônibus.
Os modelos urbanos tiveram redução de 11% nas exportações até outubro, indo de 2.651 para 2.360 unidades, e os rodoviários de 5,9%, de 1.897 para 1.785 unidades.
O presidente da Anfavea ressaltou que as exportações continuam sendo um grande desafio para o setor automotivo. O segmento de pesados (que inclui caminhões e ônibus) registrou queda em todos os mercados, com crescimento apenas para o México, que chegou a 90% nos dez meses deste ano.
Incluindo os embarques de todo o setor automotivo, as exportações para a Argentina caíram 17% no acumulado de janeiro a outubro de 2023, enquanto o mercado interno cresceu 11,9%.
Para a Colômbia, a redução foi de 50%, enquanto o mercado cresceu 32%. Para o Chile, que apresentou crescimento de 27,7%, as exportações caíram 59%. Para o México, os embarques de veículos do Brasil cresceram 76% até outubro, enquanto o mercado cresceu 24%. “O governo está trabalhando junto com a Anfavea para melhorar as exportações que são importantes para o setor automotivo”, disse Lima.