Da FlixBus
Via Agência PUB
Foto: Divulgação (FlixBus)
O brasileiro precisa percorrer, em média, 72 quilômetros para receber atendimento médico e 150 quilômetros para fazer cirurgias e outros procedimentos, segundo levantamento feito pelo IBGE em 2020. E nesses deslocamentos, é justamente a população mais pobre a mais afetada. Pessoas cuja renda familiar é menor do que um salário-mínimo, viajam mais por razões não turísticas, por necessidade, sendo 31,1% das viagens motivadas pela busca por tratamentos médicos. A viagem de ônibus, mais do que turismo ou lazer, é uma necessidade para os moradores de regiões menores e mais afastadas do país. Muitas vezes, é uma questão de vida ou morte.
O transporte de passageiros é um direito social que possibilita o acesso a outros direitos essenciais, como educação, saúde e lazer. É fundamental que a população brasileira, especialmente os mais pobres, tenha garantido seu direito de se movimentar entre estados e regiões para ter acesso a melhores polos de serviços públicos. Além disso, a segurança nas rodovias é ameaçada pela falta de alternativas de transporte. A única forma de acabar com o transporte clandestino, que nasceu da falta de opções baratas nas regiões mais necessitadas do país, e como fruto da baixa concorrência no setor, é permitir que mais empresas regulares atuem. Isso reduziria o número de vítimas de acidentes das empresas que hoje atuam na ilegalidade, salvando vidas e melhorando a segurança das vias para todos.
Por isso, permitir a atuação de novas empresas de ônibus, com novas rotas, horários e preços mais acessíveis é de extrema importância para a qualidade de vida das populações dessas regiões. “Seja para ir em busca de tratamento médico, para estudar, visitar a família ou passear pelo país, o transporte rodoviário é o que está mais próximo e acessível ao bolso e à realidade da população”, defende Edson Lopes, diretor-geral da Flixbus Brasil.
“Quanto mais empresas atuarem no transporte interestadual do Brasil, essas regiões terão mais opções tanto em qualidade quanto em preço pago nos deslocamentos de longa distância. A falta de concorrência no setor impacta a saúde, a educação, a vida dos moradores de regiões menores e mais distantes diretamente”, complementa.
No entanto, o setor transporte rodoviário interestadual (TRIP) vive um momento complexo. O processo de abertura do mercado de longa distância, iniciado em 2014 exatamente para trazer mais concorrência com aumento nas opções e diminuição no preço das passagens, está emperrado. Nas últimas semanas, a conversa ganhou novos capítulos, com a reabertura da Audiência Pública 006/2022 pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para implementação das novas regras do setor. Para Lopes, “o processo de aumento do número de empresas levaria o acesso a serviços de saúde e educação para uma grande parte da população com custo menor, já que mais concorrentes, menores tarifas. Estamos falando de uma população com menor poder aquisitivo. Baratear o custo do deslocamento é fundamental para inclusão das pessoas no sistema de mobilidade no país. O impacto social e econômico de uma abertura no mercado de transporte de ônibus é imensurável”, complementa.
Na direção contrária da expectativa do mercado e da sociedade, a mais nova versão da minuta da ANTT acabou por desconfigurar os avanços tão aguardados. Para quem esperava regras que facilitassem a expansão do setor, a versão em discussão traz mais barreiras para a entrada de novas empresas, para aumento de horários e redução dos preços.
Na opinião do diretor-geral da FlixBus Brasil, a ANTT não está considerando os efeitos colaterais (como o maior acesso a serviços de educação e saúde) e o impacto econômico positivo da entrada de novas empresas. “Teremos também a geração de mais postos de trabalho, acesso a um maior número de cidades, incentivando, inclusive, as economias regionais – ponto essencial em um país tão extenso quanto o Brasil”, destaca Lopes. “A falta de competitividade do mercado só reforça o desperdício de oportunidades para o setor, o que beneficiaria muito mais pessoas em suas rotinas de trabalho, no acesso à saúde e em outras frentes”, finaliza.