Do G1 SP
Foto: Fernando Frazão (Agência Brasil)
O número é 18 vezes maior do que a segunda multa mais aplicada na capital, que é quando o ônibus sai sem o letreiro ou com o letreiro errado.
Empresas de ônibus que atuam na cidade de São Paulo receberam 644 multas por dia por atraso na saída dos veículos, segundo levantamento feito pela TV Globo. Somente nos primeiros quatro meses de 2023, essa falha no serviço de ônibus rendeu mais de 76 mil multas às empresas concessionárias.
Outra falha operacional bastante comum é quando o intervalo entre os ônibus da mesma linha é longo demais. Entre janeiro e abril, a SPTrans aplicou 600 multas deste tipo nas empresas.
Principais falhas:
= Atraso na saída
= Ônibus sem letreiro ou com sinalização errada
= Intervalo entre ônibus da mesma linha maior do que o previsto
Das mais de 1.200 linhas de ônibus na cidade, a 546a/10 e 564a/31, Jardim Apurá/Santo Amaro, são campeãs em atraso.
A SPTrans multou essas linhas mais do que qualquer outra em são paulo tanto pela não realização de viagens programadas, como pela espera excessiva de um ônibus para o outro.
Na prática, o passageiro chega no ônibus, e o transporte não está disponível. Resta a ele, então, esperar – e muito.
“Eles não favorecem o passageiro, não. Aqui o bicho é o seguinte: passa um, meia hora depois passa outro. Acabou. Na sexta-feira, para você pegar um ônibus é uma tristeza. O negócio é sair de madrugada de casa”, conta o cobrador aposentado José Ribeiro de Lima.
A linha 546a/10 já recebeu 173 multas por atrasos só neste ano. São quase três multas a cada dois dias. Um aumento de 63% em relação ao ano passado.
A linha 564a/31 não fica muito atrás. Foram 161 multas do tipo. Alta de 55 por cento em relação ao ano passado.
Juntas, as linhas transportam 320 mil passageiros por mês do extremo da Zona Sul até o centro comercial de Santo Amaro, percorrendo quase o mesmo trajeto.
A empresa A2 Transporte, que cuida das duas linhas, justificou o aumento das multas dizendo que elas se devem a problemas como obras e objetos obstruindo as vias, eventuais falhas mecânicas, semáforos inoperantes, entre outras adversidades.
A concessionária também informou que já está providenciando uma nova programação para redução dos intervalos entre os veículos da empresa e vai estudar o aumento de veículos nas duas linhas mais multadas da empresa.
Para Paula Manoela Santos, especialista em mobilidade, a prefeitura e a SPTrans também têm parcela de culpa nos atrasos, na medida que não cumprem as metas de ampliação de corredores e faixas exclusivas de ônibus na cidade.
“infraestrutura é um dos fatores que mais agregam tanto na melhoria da mobilidade urbana, quanto da segurança viária. Na medida que a gente coloca o ônibus nessas faixas exclusivas e melhora a confiabilidade do sistema, a gente também deixa claro quais são os espaços do ônibus, dos veículos e dos pedestres. Isso organiza todo o sistema de mobilidade e melhora tanto a confiabilidade, quanto a segurança viária”, afirma Paula Manoela, gerente de mobilidade urbana do Instituto WRI Brasil.