Do Jornal do Commercio (PE)
Foto: Rafael Fernandes (Gentilmente cedida ao UNIBUS RN)
Uma reação à ‘desmoralização’ que dominou o transporte público da Região Metropolitana do Recife – com invasões diárias e mortes de jovens devido ao chamado ‘surf e morcegamento’ nos ônibus – está sendo articulada pelo governo de Pernambuco.
A previsão é de que um pacote de ações seja lançado ainda neste semestre para dar uma espécie de ‘freio de arrumação’ no sistema de ônibus da RMR, responsável por mais de 90% dos deslocamentos da população que usa o transporte público para ir e vir.
No pacote, o uso de equipamentos que inibam a invasão dos ônibus, terminais integrados e estações de BRT por pessoas sem pagar a passagem. E, principalmente, reforço na fiscalização operacional e policial, a ser realizada pelos operadores do sistema, o Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) e a Polícia Militar de Pernambuco.
“Estamos preparando um conjunto de ações que serão anunciadas em breve e que vão envolver outras secretarias, como a de Defesa Social (SDS). Há menos de um mês o Grande Recife Consórcio de Transportes (CTM) teve o presidente indicado e será o órgão que estará à frente desse pacote de ações”, explicou o secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Evandro Avelar.
A adoção de catracas elevadas nos ônibus – inclusive nas portas traseiras -, portas especiais para impedir a invasão das estações do Sistema BRT pernambucano e controle de entrada nos terminais integrados fazem parte do pacote.
Combate e punição para a prática do ‘surf’ nos ônibus
Assim como a repressão policial e uma campanha educativa sobre a importância de evitar a invasão do sistema e, especialmente, a prática do ‘surf e morcegamento’ nos ônibus.
“O trabalho da polícia é importante, sem dúvida, mas só vamos conseguir evitar com o controle operacional. O motorista tem que parar o ônibus e chamar a polícia. Nós vamos assinar uma resolução pelo CTM validando essas determinações para proteger o motorista”, afirma o secretário.
As novas portas, na verdade, são uma espécie de tela de ferro que protege e isola as portas de vidro dos equipamentos e, ao mesmo tempo, impede que as pessoas subam nas estações pela parte externa.
Já as catracas elevadas estão sendo testadas para serem instaladas nas linhas que enfrentam mais problemas com invasões de usuários sem o pagamento da passagem.
Invasões nos ônibus provocam prejuízo de R$ 20 milhões por mês
Com a crise econômica e ainda o impacto da pandemia de covid-19, as invasões têm levado, em média, entre 15% e 20% da receita do sistema de ônibus do Grande Recife. Para se ter ideia do impacto da evasão, esse percentual significa R$ 20 milhões por mês a menos de tarifas pagas por passageiros que, mesmo assim, estão sendo transportados. E, de acordo com o governo do Estado, é um custo que está sendo absorvido pelos passageiros que pagam a tarifa.
“Nós também estamos revendo o modelo de remuneração das empresas de ônibus, que hoje estão recebendo apenas pelo custo da operação. Iremos mudar. Vamos adotar um modelo que incentive a redução do custo e o aumento da receita”, explica Evandro Avelar.
Segundo o secretário, todas as ações estão sendo discutidas com os operadores e apresentadas à Promotoria de Transportes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
