Da Revista Technibus
Foto: Arquivo (Marcopolo / Via Secco Comunicação)
As montadoras começam a ajustar a produção de veículos pesados, com a concessão de férias coletivas e redução de turnos de trabalho para adequar os volumes à baixa demanda do mercado, que começou a se acentuar no primeiro trimestre como reação aos efeitos da mudança na legislação de emissões, a fase P7 para a P8 (Euro 6), determinada pelo Proconve, conforme mostra o balanço divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
No segmento de ônibus, a produção acumulada de janeiro a março teve baixa de 29,6%, com 4.015 veículos, ante as 5.702 unidades produzidas no mesmo período de 2022. Esse volume é mais baixo que em 2020, quando foram fabricados 6.000 ônibus, segundo informou Gustavo Bonini, vice-presidente da Anfavea.
Do total produzido até março, o volume de urbanos recuou 27,7%, passando de 4.891 para 3.538 ônibus, e o de modelos rodoviários apresentou retração de 41,2%, de 811 para 477 unidades.
Em março, a produção de 1.958 ônibus foi 53,6% superior a fevereiro (1.275 veículos) porque houve menos dias úteis devido ao feriado de Carnaval, mas em relação a março de 2022, quando 2.421 veículos foram produzidos, a retração foi de 19%.
Bonini destacou que apenas 0,5% do total de ônibus vendidos no primeiro trimestre deste ano é de modelos produzidos em 2023, o que “acende a luz amarela” porque ainda há modelos Euro 5 sendo comercializados, o que tem levado as montadoras a reduzir a produção.
“A gente sabia desse fenômeno que acontece quando há mudança de fase, mas a retração está ocorrendo de maneira muito forte e mais contundente do que seria possível prever em 2022”, alertou Bonini. “Mas vamos continuar acompanhando com a expectativa de que haja uma reversão e, acabando o estoque de modelos Euro 5, poderemos ver como ficará a produção de ônibus neste ano. É o deslocamento da produção com o licenciamento que a Anfavea está monitorando.”
Vendas
As vendas de ônibus vêm se mantendo estáveis, com 2.570 veículos emplacados em março, o que corresponde a um aumento de 32,8% sobre fevereiro (1.935 unidades); e 6.219 ônibus no primeiro trimestre deste ano, que representa um crescimento de 87,2% sobre o mesmo período de 2022, quando foram vendidos 3.322 ônibus no país. “Do total vendido até março, mais de 94% é de modelos Euro 5. Para caminhões, há um período de três a quatro meses para a produção refletir na comercialização porque é preciso colocar o implemento; já para os ônibus o período é maior, de quatro a seis meses”, observou Bonini.
O executivo destacou que com esses números é possível perceber o que aconteceu no ano passado em relação à pré-compra, que é muito comum na mudança de fase como ocorreu durante a transição para a P7 (Euro 5) em que houve 10% de incremento na produção. “No ano passado, foi muito difícil responder essa pergunta porque tinha um teto de oferta por conta da limitação de componentes e semicondutores e não conseguíamos identificar se aquelas vendas eram referentes a compras antecipadas porque estavam muito estáveis e dentro do ritmo normal de comercialização”, disse Bonini.
Ranking
No ranking de vendas do primeiro trimestre de 2023, a liderança fica com a Mercedes-Benz, com 2.793 ônibus vendidos, 69,7% a mais que no acumulado de janeiro a março de 2022 (1.646 unidades). No segundo lugar está a Volkswagen Caminhões e Ônibus, que comercializou 1.900 veículos, 139,3% a menos que no mesmo período do ano anterior (794 unidades). E o terceiro fica com a Agrale, que comercializou 1.076 veículos, um resultado 54,8% superior aos três primeiros meses de 2022 (695 unidades).
Na sequência, está posicionada a Volvo que vendeu 271 ônibus até março, 155,7% a mais que no primeiro trimestre do ano passado (106 unidades); a Iveco com 89 ônibus vendidos, 154,3% superior ao mesmo período de 2022 (35 unidades), e a Scania com 59 veículos comercializados no país, aumento de 156,5% sobre janeiro a março do ano passado (23 ônibus).
Exportações
As exportações não tiveram bom desempenho, com 215 ônibus exportados em março, redução de 29% sobre fevereiro (303) e 808 veículos no primeiro trimestre, queda de 16,7% sobre janeiro a março de 2022.
Do total de ônibus exportados até março, 526 são de modelos urbanos, 1,9% a mais do que no mesmo período de 2022, e 282 são rodoviários, que tiveram queda de 37,9% em relação aos 454 veículos exportados no primeiro trimestre de 2022.
Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, esclareceu que, além da queda dos mercados em que o Brasil exporta os seus veículos – em março o Chile teve retração de 9% e a Colômbia de 17% – ainda está ocorrendo crescimento de produtos asiáticos, o que afeta nos resultados das montadoras.