Por Agora RN
Foto: Acervo (Por Dentro do RN)
Natalenses que dependem do transporte público continuam enfrentando transtornos no cotidiano, um sistema falho que funciona com veículos insuficientes para a demanda. Passam anos e sempre as mesmas reclamações, que vão desde a superlotação, alto preço da passagem até as longas esperas nas paradas. Além disso, desde o período pandêmico da Covid-19, o problema se agravou quando diversas linhas de ônibus foram retiradas de circulação.
O Agora RN foi às paradas de ônibus de Natal para entender como está o sistema de transporte público a partir da vivência de quem é afetado diariamente pela crise. Questionados sobre a qualidade do serviço ofertado, os usuários do sistema de transporte classificaram como “muito precário”, “péssimo” e “em calamidade”. Passageiros relataram a demora demasiada para conseguir pegar linhas especificas que causa atrasos tanto para chegar ao trabalho como para ser atendimentos em sistemas públicos como consultas médicas.
David Loui, 30 anos, assistente administrativo, morador de Nova Parnamirim
“Até o momento está péssimo porque a passagem de ônibus está cara, não tem muita disponibilidade de ônibus e acredito que deveria melhorar mais, principalmente para quem pega no horário da noite, faz faculdade como eu faço. Fica até meio perigoso a gente ficar 30, 40 minutos em uma parada de ônibus e não ter segurança nenhuma. Demora geralmente de 40min a 1h30, às vezes chego atrasado no trabalho, tenho que sair umas duas horas mais cedo para poder chegar a tempo. Com relação aos veículos, alguns são confortáveis outros nem tanto, acho que depende do motorista, alguns não tem nem a empatia. Deveria ter mais transporte, mais linhas, faz tempo que mudou o sistema e retiraram algumas linhas, isso dificultou muito a vida da população.”
Suzyane de Amaro, 50 anos, dona de casa, moradora de Mãe Luiza
“Deveria ter mais ônibus. Eu acho ruim, demora muito, hoje passei 2h na parada e chego sempre atrasada, como já sei, tenho que sair bem antes porque eu prefiro esperar, levar um chá de cadeira do que não chegar no compromisso. Se for para o médico perde a vaga para a consulta. Os ônibus não são confortáveis, são duros, balançam demais e como tenho problema de coluna prejudica bastante. Sempre muito cheios.”
Carlos André, 53 anos, porteiro e ASG, morador de Mãe Luiza
“Eu pego o que faz a linha 40 e está demorando muito a passar, fico mais de meia hora esperando, parece que cancelaram a maioria dos ônibus aí demora muito. Não são confortáveis, era para ter pessoas fazendo higiene, a empresa está ganhando o dinheiro do brasileiro que trabalha então tem que ter a higiene. Ainda bem que no momento não estou trabalhando, mas chegaria atrasado com certeza. Além de ser muito lotado, tem alguns que vem cheio, cheio.”
Andreza Mara, 25 anos, pesquisadora, moradora de Parnamirim
“Muito ruim, nos finais de semana diminuem a frota, geralmente quebram, tem bairros que não tem muitos transportes, só tem uma alternativa no máximo duas, além de demorar bastante. Tenho que sair bem mais cedo e ainda corro o risco de chegar atrasada, por exemplo, na Zona Norte aquele engarrafamento da ponte velha é horrível. Eles aumentam as passagens dizendo que vai melhorar e nunca melhora. Tem que aumentar a frota e a qualidade dos ônibus, a gente vai para casa literalmente nas portas dos ônibus, muitas vezes as pessoas acabam ficando nas paradas tendo que esperar o próximo por não caber mais gente.”
Bruna Loiza, 26 anos, massoterapeuta, moradora de Candelária
“Acho o sistema bem precário até porque vem superlotado, sempre vou em pé e demora a passar. Geralmente chego atrasada no trabalho porque tenho um tempo previsto para chegar mas acaba não chegando porque demora muito parando, às vezes devido a superlotação, acaba até passando da parada porque não tem como sair devido ao pessoal que fica no meio do corredor do coletivo.”
Francisco de Assis de Medeiros, 56 anos, porteiro, morador do Pajuçara
“Infelizmente está horrível, a situação do nosso transporte está a cada dia uma calamidade. Trabalho ali próximo ao bairro de Santo Reis, pego o ônibus da linha 84 pela manhã e à noite e estou esperando em torno de 1h30 para pegar o 84. Todos os ônibus estão sucateados, quando chove fica molhando os bancos e com lotação máxima, tem dias que passa dois ônibus completamente cheios e não param que eu suba. O maior problema é que os empresários não colocam mais ônibus e a gente fica à mercê sem transporte de qualidade para trabalhar e ir para casa.”
O que estava já estava ruim ficou pior após os ataques das facções em marco deste ano. Na minha região, Ponta Negra, o atendimento da empresa Santa Maria parece desconhecer as necessidades dos usuários: a Linha 56 ficou com apenas um ônibus; a linha 46 alterou o itinerário e não passa mais pela Cidade Alta; a linha 54 tem poucos ônibus.
Sequer há informações acessíveis e confiáveis na internet sobre horários de ônibus e itinerários.
Diante disso, o que pensam representantes do Poder Público em Natal? Não parece que há interesse em resolver o problema definitivamente e com agilidade.