Do Jornal Valor Econômico
Foto: Rovena Rosa (Agência Brasil)
A diferença entre os preços das passagens de ônibus municipal no país chega a ser mais do que o dobro, aponta levantamento com mais de cem das maiores cidades brasileiras.
A passagem mais cara está em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde a passagem em dinheiro custa R$ 6,1. A mais barata se encontra na cearense Juazeiro do Norte, em que é cobrado R$ 3 pela tarifa cheia, assim como na baiana Vitória da Conquista.
A pesquisa inclui 103 municípios e levou em conta os seguintes critérios: o valor da passagem em dinheiro (e não cartão-transporte), somente os trechos em zona urbana e a tarifa cheia, descartando eventuais gratuidades para grupos específicos. Também foi descartado o valor cobrado para vale-transporte. Os critérios buscam uniformizar o levantamento e fazem diferença.
A líder Caxias do Sul cobra desde o início de janeiro R$ 6,1 para quem usa dinheiro para pagar a passagem para circular pela cidade. Mas quem opta pelo cartão Caxias Urbano paga R$ 4,90.
As outras cidades que cobram pelo menos R$ 6 em dinheiro também cairiam no ranking se o critério cartão fosse usado (Blumenau, Porto Velho, Florianópolis e São José dos Pinhais). E o topo da tarifa ficaria com São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo: R$ 5,75.
Na outra ponta do ranking, Juazeiro do Norte anunciou o aumento da passagem em abril do ano passado, de R$ 2,45 para R$ 3, o primeiro em três anos. Vitória da Conquista também elevou a tarifa em meados de 2022. Na localidade, porém, o cartão-transporte reduz o preço para R$ 2,5. Mas, se forem levadas em contas outras modalidades, a líder é Macaé, no Estado do Rio de Janeiro. A tarifa lá custa R$ 5,24, mas quem tem o Cartão Macaé paga R$ 1 – o restante é subsidiado pela prefeitura. O valor de R$ 1 foi instituído em 2018 e vale para residentes na cidade que tenham feito cadastro no programa de mobilidade.
Na comparação por PIB per capita desses 103 municípios, os habitantes de Caxias do Sul tinham em 2020 (dado mais recente do IBGE) uma renda de R$ 50,2 mil, a 26ª maior nesse grupo de cidades. São Bernardo do Campo estava mais bem ranqueada, na 15ª posição, com R$ 57,6 mil. A líder é Barueri, em São Paulo, com R$ 185 mil, e tem a 18ª passagem mais cara, de R$ 5,3. Pelo decreto do município do fim de 2022, não há diferença de preço entre quem paga dinheiro ou não.
Entre as cidades com tarifas mais baratas, Juazeiro do Norte tem o sétimo menor PIB capita, e a Vitória da Conquista, o 16º. A localidade com menor PIB per capita é a mineira Ribeirão das Neves, com R$ 13,1 mil – o 3811º maior do país no total geral. Os passageiros no município pagam R$ 5,25, patamar similar ao de Barueri, a cidade mais rica do levantamento – e 28ª entre todos os 5.570 municípios em 2020.
Quando são levadas em conta apenas as capitais, a passagem mais barata é de Maceió, por R$ 3,35. A tarifa foi reduzida em 2021. Antes os passageiros tinham que pagar R$ 3,65. A outra capital na sequência, Rio Branco (Acre), também cortou o preço em 2021: de R$ 4 para R$ 3,50.
As com tarifa mais cara, de R$ 6, são de Porto Velho e Florianópolis. Na primeira, o valor cai para R$ 4,50 para quem tem cartão de transporte local. Na capital catarinense, no mesmo modelo, o valor vai para R$ 4,98. As outras capitais com tarifa mais cara são Brasília e Curitiba, ambas por R$ 5,50. Na cidade paranaense, porém, o preço cai no cartão para R$ 4,75.