Por Agora RN
Foto: Andreivny Ferreira (UNIBUS RN)
O presidente da Federação dos Transportes do Nordeste (Fetronor), Eudo Laranjeiras, explicou nesta quinta-feira 29, em entrevista ao Jornal da Cidade, da 94 FM, as reivindicações das empresas de transporte frente a proposta de reajuste da tarifa entregue ao Governo do RN. O Setrans-RN, que representa empresários, afirma que a passagem é defasada em 52% na tarifa de ônibus intermunicipal.
Segundo Laranjeiras, é preciso que a sociedade entenda a realidade das empresas. “Ninguém consegue sobreviver quatro anos sem nenhum tipo de alinhamento de custo da inflação. Temos que comentar que o nosso setor foi um dos primeiros que sentiram a pandemia, porque pararam tudo, e a gente ainda não conseguiu recuperar. Foram mais de 55% de aumento de óleo diesel, e tudo isso fez com que a gente chegasse a um ponto que não aguentamos mais. Nós fomos ao Governo e mostramos a realidade e a defasagem. O represamento desses quatro anos é em torno de 50%”, disse.
De acordo com ele, duas empresas fecharam as portas em 2022 devido ao aumento de custos. “A Campos, de Pirangi, e a de Emaús, que era a Parnamirim Field. Essas duas empresas fecharam e disseram ‘eu não quero mais o serviço, não tenho condições’. Tivemos que substituí-los”.
Sobre a situação do setor na capital potiguar, Laranjeiras afirmou que atualmente grande parte dos usuários do transporte utiliza os benefícios da gratuidade, algo que acaba deixando o transporte público em situação difícil. “Hoje as empresas de transporte estão carregando muitos idosos, estudantes, que são a metade da tarifa, os deficientes, que são as gratuidades subsidiadas por todos. Só que a passagem inteira está indo para o clandestino, por isso que as empresas estão definhando. Hoje só existem 120 ônibus rodoviários no estado. Nós já tivemos em torno de 600 ônibus”.
O aumento do valor do óleo diesel e a redução das receitas na pandemia foram as principais causas que dificultaram a atuação das empresas. “A empresa não quer ter carro velho por capricho contra o usuário, ela não tem porque não está em condições. Houve uma decadência total do serviço por falta de fiscalização, por falta de entendimento tarifário e uma continuidade. Entendemos a pandemia e entendemos também que o ano de 2022 no óleo diesel foi terrível. Só este ano foi 23% de aumento nos nossos custos”, explicou.
Ainda segundo o presidente, a alta carga tributária em cima das empresas de ônibus dificulta a competitividade no setor em relação aos veículos opcionais como os aplicativos de mobilidade. “Qual o problema do aplicativo de transporte? O problema é que eu pago uma porção de impostos, se não pagar, estou devendo. Então, eles não têm custo. Nós temos toda uma carga tributária e trabalhista que temos que assumir. Eles não pagam nada por uma viagem. O Governo está abrindo mão de ICMS. Para mim, eles não isentam, mas aos ‘caras’ eles não cobram”, afirmou.
O Governo do RN decidiu prorrogar, por 90 dias, a vigência do decreto que desonera o ICMS sobre o óleo diesel às empresas de transporte metropolitano e intermunicipal. Mesmo assim, Eudo defende um aumento. Os empresários concordaram em realizar um estudo interno e levar ao DER-RN a planilha de custos para que o departamento possa analisar os cenários de negociação. “Até o dia 15 a gente deve começar a encontrar esse número e ver como será dado esse aumento. Vale dizer que não é aumento, é correção”, justificou.