Da Revista Exame
Foto: Rovena Rosa (Agência Brasil)
O uso de máscara obrigatório no transporte público da cidade de São Paulo deve continuar nas próximas semanas. Em entrevista exclusiva para a Exame o prefeito Ricardo Nunes (MDB) avaliou que um relaxamento da medida só é possível quando houver uma diminuição na taxa diária de novas internações por conta da covid-19.
“Semanalmente, eu presido a reunião do nosso comitê que faz as análises dos dados que a Secretaria da Saúde vai compilando e a gente toma as decisões. Ainda não tem uma previsão [para a retirada do uso da máscara]”, disse.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, na grande São Paulo, que inclui a capital, a média diária de novas internações de pacientes com o coronavírus é de 240. Há um mês este número era de 118. A média de novos casos está em 454, enquanto que no começo de novembro era metade desse valor. Apenas na cidade de São Paulo, segundo a prefeitura, há 180 pessoas internadas, sendo 36 em leitos de UTI.
“Temos uma capacidade tranquila de leitos disponíveis para fazer atendimentos. Mas quando deu uma crescida na questão do contágio, mesmo sem uma grande necessidade de internação, voltamos a exigir máscara no transporte público. Nesse momento chegamos a um platô e a tendência agora é cair. É uma medida temporária para ter um controle para não deixar crescer”, afirmou Nunes.
A volta do uso obrigatório do item de proteção facial foi anunciado no dia 24 de novembro pelo governo paulista. A medida passou a valer em todo o estado, mas antes da determinação o governador Rodrigo Garcia (PSDB) conversou com Nunes. Na ocasião, em nota técnica, a gestão estadual justificou a medida levando em conta o rápido aumento de internações.
“Nas últimas semanas o Estado de São Paulo tem apresentado aumento expressivo na transmissão do Sars-Cov-2, que se reflete principalmente nos indicadores de internações por covid-19 em leitos de enfermaria e UTI, que nos últimos 14 dias mostram crescimento de 156% e 97,5%, respectivamente, chegando a uma média diária de mais de 400 novas internações”, diz a nota do Conselho Gestor da Secretaria Estadual de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, pasta chefiada pelo infectologista David UIP.
De acordo com especialistas em saúde pública ouvidos pela reportagem, o uso de máscara é uma medida recomendada e eficaz para a redução do contágio do coronavírus. Outro ponto que demanda atenção, na visão dos sanitaristas, é incentivar a vacinação. Menos da metade da população paulista tomou a primeira dose de reforço, necessária para um esquema de proteção completa. Os dados da capital são similares.