Seturn culpa Natal pela péssima qualidade do sistema de transportes urbanos

Do Agora RN
Foto: Andreivny Ferreira (UNIBUS RN)

Invasão de vias exclusivas por veículos, obras espalhadas pela cidade e a falta de licitação estão entre as justificativas oficiais do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos (Seturn) para a péssima qualidade do sistema em Natal, reclamação geral de usuários e que vem começando a fomentar revoltas na população. Enquete realizada pelo Agora RN entre usuários do serviço apontou insatisfação generalizada e sensação de abandono por parte da população, que depende do serviço para se deslocar pela cidade.

Entre as principais queixas da população estão a demora entre um ônibus e outro da mesma linha, lotação constante e uma péssima qualidade da frota. O consultor-técnico do Seturn, Nilson Queiroga, em entrevista à reportagem, defendeu a necessidade de melhorias no trânsito, o que, segundo ele, é um dos motivos pelos quais o transporte não funciona. Os congestionamentos, em sua visão, impedem que os veículos fluam pelas avenidas da cidade, mesmo com faixa exclusiva, o que impede uma boa circulação.

“Olha a situação de um dos principais corredores de transporte de Natal, tem faixa exclusiva e tudo. Estamos aqui na Alexandrino de Alencar e já há um tempo em que estamos aqui, como o transporte pode funcionar desse jeito? Não adianta ter faixa, esse congestionamento a gente perde de vista, tudo parado. O transporte não consegue fluir desse jeito, imagina quando chega às 18h, 17h30”, disse, em vídeo repassado à reportagem, mostrando um trecho, porém, onde não tem faixa exclusiva, situado entre a avenida Alexandrino de Alencar e o Midway. “Isso acontece na Roberto Freire, na Prudente de Morais, na BR, no Shopping, saída de Cidade Satélite, fecha o trânsito completamente. Então isso tudo deve ser levado em conta, um planejamento global para que mude esse panorama aqui na cidade do Natal e melhore a qualidade do transporte coletivo”, completou.

Licitação: De acordo com Nilson, não houve redução de linhas nos últimos 12 meses e ele afirmou que, durante a pandemia, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) relicitou e agora está com um chamamento público para a operação dessas linhas. Além disso, o consultor disse que a própria STTU contratou uma nova consultoria da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) e que está fazendo um estudo geral para apresentar um novo modelo para a rede de transporte público.

Quando se trata de pontualidade, o consultor reitera que as empresas têm um planejamento, procurando cumpri-lo também nos quadros de horários. “Agora, é público e notório, problemas que estão acontecendo na cidade, por exemplo, as faixas que foram planejadas e que existem exclusivas ou semiexclusivas hoje estão invadidas e estão congestionadas, quer dizer, o efeito não está acontecendo para um ônibus cumprir seus horários com pontualidade”, afirmou.

Ele também atribui empecilhos no funcionamento pelas obras que vêm sendo realizadas pela capital e tem prejudicado o ritmo operacional. “A da Felizardo Moura, traz um impacto muito grande na pontualidade de todos os ônibus que vem da zona norte para a zona sul e vice-versa. Em Felipe Camarão há quantos meses a cratera atrapalhou a operação. Na época das chuvas, a lagoa na Ayrton Sena a deixou diversos dias interditada com os desvios, causando atrasos e não há como cumprir esse planejamento. Também há vários pontos de grande congestionamento em Natal, por exemplo na BR-101 em Potilândia pela manhã cedo tem ônibus que gasta um tempão do Via Direta para chegar no Viaduto Quarto Centenário, porque aquela marginal está completamente obstruída, não tem como o ônibus cumprir com rigor os horários previstos sem que haja um planejamento da cidade como um todo, do trânsito e dando a prioridade como a Lei n° 12587 [Política Nacional de Mobilidade Urbana] estabelece para o transporte coletivo”, reiterou o Consultor Técnico.

Reclamações sobre lotação: Segundo Nilson Queiroga, a lotação nos ônibus é uma característica dos serviços públicos de transporte de todas as cidades do Brasil e do mundo, o pico é sempre cheio. “Para essa situação aqui em Natal, nós estamos há muito tempo com essa situação de indefinição do contrato e a questão por exemplo tarifária, estamos há quase quatro anos sem haver um novo planejamento, apresentação de nova planilha que está totalmente defasada, então isso traz reflexos nessa frota que está em operação.”, disse.

O planejamento das linhas, para o consultor, só vai se resolver de fato com a licitação que a prefeitura, por meio da STTU, vem prometendo com essa nova consultoria da ANTP. “É preciso fazer esse redesenho, esse novo planejamento do sistema de Natal e buscar o equilíbrio entre tarifa, ou seja, receita e custo, com renovação da frota e ampliação, se for o caso. Quem vai dizer isso é essa equação, mas as empresas aguardam que isso aconteça o quanto antes para que melhore para todas as partes, empresas, órgão gestor, toda a sociedade e os usuários em particular”, concluiu Nilson.

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