Deputada Estadual critica redução de linhas de ônibus em Natal

Do Agora RN
Foto: Davi Felipe (Gentilmente cedida ao UNIBUS RN)

“Conheço de perto a realidade dos transportes públicos de Natal. Até dez anos atrás, fui usuária e andava em ônibus lotados. Imagine agora, sem paradas adequadas, esperando até duas horas para pegar um transporte, se protegendo do sol na sombra de um poste ou procurando um local para se proteger da chuva”, desabafou a deputada estadual Eudiane Macedo (PV), ao falar sobre o sistema de transporte público de Natal, que esta semana teve mais duas linhas devolvidas pelas empresas do setor: a 17 (Gramoré/Petrópolis) e a 19 (Rodoviária/Ribeira).

“Ao todo, desde o início da pandemia, 30 linhas já foram devolvidas pelas empresas de transporte público à Prefeitura de Natal. Em março, foram as linhas 68 (Alvorada/Parque das Dunas); 33B (Planalto/Lagoa Seca); 76 (Felipe Camarão/Parque das Dunas) e 593 (Circular Residencial Redinha). As demais 22 linhas de ônibus que deixaram de operar, além das 22 linhas que já tinham sido retiradas de circulação pelo Seturn, sob o argumento da baixa demanda de passageiros”, explicou.

Para a deputada, a população de Natal é a mais afetada pela retirada das linhas de circulação. Quem está nas ruas de madrugada e não tem transporte, principalmente, hotéis, garçons, funcionários de bares, restaurantes, que trabalham até meia-noite. Eles estão dormindo na rua, sem poder voltar para casa, esperando amanhecer para pegar um transporte e chegar em casa, tomar banho e voltar a trabalhar novamente. Isso tudo deixa as pessoas sem qualidade de vida, sem estar perto de sua família, seus filhos. É um desgaste mental muito grande”, lamentou.

Eudiane cobrou uma ação efetiva do prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB) para a solução do problema e relembrou que, na época que estava como vereadora de Natal, participou da licitação, junto com os vereadores empenhados para que esta saísse do papel e fosse concretizada.

“Que, de fato e de direito, atendesse a população nos quesitos que foram colocados lá (na licitação), por meio de emendas. Temos que ter bom senso, quando estamos em um parlamento, para perceber quais são as emendas que podem realmente ser executadas. As emendas que não possam prejudicar um projeto integral. Já teve emendas absurdas, que não teriam possibilidade de as empresas executarem, mas infelizmente a licitação deu deserta e, por ter dado deserta, de lá para cá, daria tempo suficiente para se fazer outro projeto, se ter outra licitação de transporte para ver quem aceitaria atender as exigências que estão dentro do projeto e que foi votado dentro da Câmara Municipal de Natal”.

Deputada cita decisão judicial que vem sendo descumprida: Eudiane Macedo disse também que existe uma decisão judicial favorável ao retorno das linhas, porém essa decisão vem sendo descumprida há mais de um mês pela Prefeitura de Natal. “Faço apelo para que a Prefeitura tenha um olhar diferenciado para os que precisam usar o transporte público. As pessoas estão sofrendo, pedindo socorro. A Prefeitura de Natal tem dever de fazer seu papel, mas está de olhos tampados”, lastimou.

“Já peguei transporte público dentro de Natal, conheço a realidade que é porque não se tem parada adequadas para receber a população que precisa pegar um transporte público, já esperei por mais de duas horas um transporte para ir estudar ou ir trabalhar, pois precisava pegar a linha 01”, relatou plenária desta quinta-feira 26, na Assembleia Legislativa do Estado.

Mobilizações por melhoria do sistema fazem falta, defende: Segundo Eudiane Macedo, conversando com amigos que usam o transporte público em Natal, ela percebeu que a população está, aparentemente, anestesiada com tantos problemas e já não se mobiliza em protestos como antes.

“Antigamente se faziam mobilizações, as pessoas iam para rua protestar. Hoje, não é que estejam acomodadas, eu não acredito nisso, mas acredito que as pessoas estão tão cansadas que, às vezes, procuram uma solução e não encontram, não é por força de vontade é porque realmente não dá, você trabalha o dia todinho. Eu sou testemunha disso, pois para chegar às 8h da manhã ao Alecrim, onde já trabalhei, ou na Cidade Alta, tinha que pegar o ônibus às 6h30, então se no meu tempo, há dez anos atrás já era assim e ainda tinham todas essas linhas circulando, imagine agora sem essas mais de trinta linhas que deixaram de rodar. Agora piorou e a população aumentou”, pontuou.

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