Da Tribuna do Norte
Foto: Andreivny Ferreira (UNIBUS RN)
A crise do transporte público intermunicipal tem trazido transtornos para a população e sem soluções a curto e médio prazo para os potiguares. Especialistas em transporte público avaliam o momento e sugerem medidas possíveis para que o sistema possa funcionar e a população tenha atendimento pleno. Especialistas sugerem ainda medidas a longo prazo, como Planos de Mobilidade Urbana para os municípios.
Para André Toledo, da Diretoria Acadêmica de Construção Civil do IFRN, o fato de vários municípios não possuírem transporte público licenciado representa um risco para a população.
“Quando não se tem acesso ao transporte formal, infelizmente o transporte precário, não regulado e muitas vezes perigoso, prevalece. É comum as pessoas utilizarem veículos sequer licenciados, que não deveriam estar rodando, moto sem placa, andar de moto sem capacete. As pessoas optam por esses tipo de transporte, nas regiões mais afastadas, porque não tem opção mais segura e adequada”, diz.
Toledo diz ainda que o Poder Público, em todas as esferas, precisa entender o transporte público como um “direito” e que o tema é muito mais complexo do que “só fazer estradas”. Toledo critica ainda a falta de contratos e regras, como no caso de Natal.
“O setor público não pode se abster da responsabilidade de investir em transporte público, se vai ser no subsídio, é uma opção, auxílio na aquisição de frota, desoneração, são formas. Ele não pode dizer que quem resolve é o concessionário, as empresas, a conta nunca vai fechar. O modelo atual interestadual, dos municípios, fica uma briga do Poder Público querendo dar chicotada, como se ele tivesse poder pra isso, o setor privado reclama, ás vezes com razão e às vezes reclamando da falta de regulamentação, e sempre estourando para o lado mais fraco, o passageiro”, diz.
Para o engenheiro civil e professor do IFRN, Alexandre Pereira, as soluções “rápidas” para o segmento dependeriam da melhoria das condições contratuais para a concessão de serviços de transportes, “contemplando parâmetros flexíveis na composição das tarifas”.
“Garantindo por um lado a segurança para o concessionário e do outro a participação do Estado na manutenção de preços públicos acessíveis, seja na definição de subsídios para combustíveis, seja na reposição de veículos após o final da vida útil”, avalia.
A longo prazo, o professor André Pereira, que desenvolveu pesquisas em economia de transportes, participação público-privada no setor de transportes e concessões rodoviárias, a longo prazo o Poder Público precisaria mobilizar recursos para melhoria do sistema.
“No longo prazo devem ser mobilizados recursos públicos para a melhoria do sistema de transportes, melhorando a segurança e confiabilidade do sistema, privilegiando-se o transporte público de massa, passeios públicos e ciclovias e ciclofaixas”, sugere.