Na pandemia, empresas buscaram mais benefícios para mobilidade

Da Agência AutoData
Foto: Antônio Cruz (Agência Brasil / Via Fotos Públicas)

Diante da oferta massiva de benefícios engessados em um mercado de R$ 150 bilhões anuais, e da necessidade de flexibilizar a forma como o trabalhador utiliza esse auxílio, a Flash Benefícios foi criada há dois anos e oito meses, um pouco antes de a pandemia eclodir no País. Mal sabiam os três sócios que o coronavírus impulsionaria o negócio, principalmente na categoria mobilidade, uma vez que frente às ondas de variantes as formas de deslocamento oscilaram bastante, e a possibilidade usar o valor disponibilizado pela empresa da forma como for mais conveniente veio a calhar.

Ao observar disparada da demanda por este tipo de benefício de 580% dos meses de fevereiro de 2020 a 2021, e de 336% de fevereiro de 2021 a 2022, a startup realizou estudo para mostrar como os hábitos de mobilidade foram impactados pela pandemia, uma vez que os créditos por ela disponibilizados podem ser aplicados em diversos modais e serviços, desde os tradicionais abastecimento e transporte público até aplicativos de transporte, táxi, aluguel de veículos e bicicletas e estacionamento.

Durante a pandemia, com a disseminação do home office e das jornadas híbridas de trabalho, muitos RHs começaram a questionar o modelo de benefícios adotados por décadas, relatou o diretor comercial da Flash Benefícios, Rafael Maia. “As empresas passaram a entender que mobilidade não é somente dispor de valor para combustível. Que se trata de recurso para ser utilizado no modal de transporte, ou seja, no pedágio, no estacionamento, na gasolina, no aplicativo ou no cartão para andar de ônibus.”

O levantamento da Flash aponta para alta de 9% no uso do benefício em postos de combustível no ano passado, na comparação com 2020, enquanto que o uso de aplicativos recuou 2%, evidenciando preferência pelo veículo próprio. No mesmo período, o uso de transporte público aumentou 1%, demonstrando que os trabalhadores que não têm carro estavam começando a retomar suas rotinas.

Quanto aos gastos destinados a serviços de transportes, antes da pandemia giravam em torno de 15% do total, o que recuou para 5% no período mais crítico, voltou a subir no fim de 2020, caiu novamente a 5% com outra onda da covid e, em novembro de 2021, chegou a 10%, maior índice do ano, o que sinaliza novos hábitos e os sistemas híbridos – e até mesmo o redirecionamento de valores por parte das empresas para outro benefício, por exemplo, o alimentação.

Com relação ao valor médio por usuário, que em fevereiro de 2020 havia apresentado crescimento de 43% frente ao ano anterior, no início da pandemia baixou 5%. No período houve quedas consecutivas que cessaram apenas em outubro do ano passado, quando o montante superou em 17% o utilizado no início da pandemia – o que pode evidenciar a preferência pelo modal de deslocamento, além da reposição da inflação que terminou 2021 em 10%.

Diante disso, a Flash começou a explorar outras possibilidades com seus clientes. Por exemplo, um deles começou a reavaliar a possibilidade de oferecer carro para seus executivos. “Estamos conversando sobre a possibilidade de a empresa oferecer valor em benefício mobilidade e o executivo escolhe se vai usar para pagar assinatura de veículo, financiar um automóvel ou para se deslocar todos os dias por meio de aplicativo. Até porque para alguns funcionários o carro da empresa não é vantajoso.”

A startup também tem parceiros que oferecem descontos aos usuários, a exemplo de locadora de veículo e aplicativo de transporte. No caso de mobilidade, são treze.

Reflexo: Segundo Maia somente no último trimestre do ano passado a startup vendeu o mesmo que em 2020 inteiro. A Flash possui hoje carteira com seis mil empresas – a partir de um empregado – e 300 mil vidas. Em 2021 a operação cresceu 500%. Para este ano a projeção é mais que triplicar o número de vidas, com 1 milhão, e quase dobrar o número de clientes, para 11 mil.

“Este é um mercado para o qual ninguém olhava. É libertador para o funcionário não ter mais que perguntar se aceita ou não ou limitar o seu uso dentro de uma mesma categoria, caso da mobilidade”.

Segundo o diretor comercial, de um terço a metade dos clientes contrata o benefício de mobilidade para seus profissionais. Para ele, o cenário de covid colocou uma luz no benefício, inclusive no de mobilidade. “Tem funcionário que recebia R$ 500 mensais para gastar com combustível, mas que ficou seis meses com o carro na garagem e acumulou saldo de R$ 3.000, sem poder usar com outra finalidade de deslocamento.”

O serviço da startup contempla cartão da bandeira Mastercard que pode incluir os benefícios de alimentação, mobilidade e vale-cultura. “Se o estabelecimento aceitar cartão ele aceita a Flash. A negociação de taxa é feita com a Mastercard e não com o estabelecimento, por isso a flexibilidade. Sem contar que a taxa é mais baixa, gira em torno de 1,5%, frente à média de 10% para o local de consumo”, assinalou, referindo-se ao fato de que o benefício funciona como um cartão de crédito.

Além disso, o sistema da Flash concentra tudo em um cartão, que identifica o que o cliente está consumindo e retira do saldo existente. Por exemplo, o montante para refeição pode ser usado no restaurante, supermercado ou aplicativo de comida, e assim que utilizado é descontado dessa modalidade. “Essa diferenciação, para nós, é coisa do passado. A não ser que alguma especificação conste no acordo coletivo.”

Característica essa que ajuda, por exemplo, caminhoneiros, que em um modelo tradicional de benefício têm de localizar postos em que seu cartão é aceito e, com essa flexibilidade, podem abastecer em qualquer revendedor. O mesmo se aplica a sua alimentação. Em torno de 7% da base de clientes da Flash, ou 420 companhias, são dos setores automotivo e de logística, como Kavak e JBS Motor, além de empresas de transporte rodoviário, produção e fabricação de peças, montadoras, revendedoras e outras do setor.

Sediada em São Paulo, hoje a startup possui trezentos funcionários e quer ampliar o efetivo para setecentos até o fim de 2022.

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